Concorrentes apressam plano de expansão para suprir o mercado

29/06/2006 10h30

Com o agravamento da crise financeira enfrentada pela Varig, que prejudicou as operações da empresa, as companhias aéreas começaram a tirar da gaveta projetos de expansão. Nas últimas semanas, a TAM, Gol e BRA anunciaram a intenção de voar para destinos para os quais não voavam - apesar de terem autorização para tanto - devido a questões de mercado.

A TAM, por exemplo, aumentou o número de vôos para Miami, Nova York e Paris e começou a transportar passageiros para Londres. "A Varig deixou um espaço no mercado que aos poucos vai sendo ocupado", diz o diretor de uma empresa aérea concorrente. "Temos planos para os próximos seis meses, um ano, mas acompanhamos a trajetória da Varig. Se ela diminuir, anteciparemos projetos", acrescentou o diretor.

Apesar de as empresas esperarem movimentos da Varig para trabalhar com novas rotas, companhias aéreas brasileiras já têm autorização para operar destinos internacionais, mas não o fazem. Caso da TAM para a Alemanha.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também pode conceder novas autorizações imediatamente. "Na maioria dos países, duas ou mais companhias brasileiras poderiam estar operando", diz o presidente da Anac, Milton Zuanazzi. "Independentemente da crise, elas já podem ocupar esse mercado", acrescenta.

Para rotas nacionais, a Anac autoriza vôos para qualquer destino pedido pelas companhias, exceto vôos com escala em Congonhas. Nas internacionais, o maior espaço disponível está nos Estados Unidos. Dos 130 vôos semanais às quais empresas brasileiras têm direito, apenas 30 são realizados hoje em dia.

"O mercado norte-americano é muito competitivo. É preciso que a empresa esteja muito bem estruturada para operar lá, por isso que ninguém está pedindo autorização", diz uma fonte do setor.

Na América do Sul, qualquer empresa pode pedir autorização para voar para qualquer país, exceto Venezuela e Colômbia, mercados reservados apenas para duas empresas. Na maioria dos países da Europa, podem operar duas companhias aéreas. A Varig já tem as principais rotas, e a TAM é a segunda designada para França e Itália, além da Alemanha, destino para o qual já é autorizada há mais de dois anos. A BRA será responsável por rotas para Espanha e Portugal, que começará a operar no próximo mês.

Apesar do anúncio de novas rotas, empresas temem ocupar definitivamente espaços onde a Varig é forte. Para suprir demanda considerada temporária, a TAM colocou 28 vôos extras desde a última quinta-feira. "O nome Varig ainda é muito forte. Ela teve problemas, mas pode encontrar uma solução e voltar com força total", diz uma fonte.

Jornal Gazeta Mercantil — 28-06-06