Ministro se defende na Câmara e desqualifica acusações

O ministro do Esporte, Orlando Silva, disse nesta terça (18), durante audiência conjunta das Comissões de Turismo e Desporto e de Fiscalização Financeira da Câmara, que não há provas contra ele no caso da denúncia de que participou de um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, destinado a incentivar a prática esportiva entre crianças e adolescentes.
18/10/2011 18h39

Akimi Watanabe

Ministro se defende na Câmara e desqualifica acusações

Min. Orlando Silva, Pres. da CFFC Sérgio Brito e Pres. da CTD, Jonas Donizette

"Considero muito grave algumas afirmações, de que não importa a apuração, não importa o processo, o que importa é que há uma denúncia. Lembrei do tribunal de Nuremberg, do dito brasileiro ‘as favas os escrúpulos'. Isso é um tribunal de exceção. Acusar alguém e não provar, acusar alguém sem o devido processo é fazer um tribunal de exceção. Isso tangencia para o fascismo", disse o ministro.

Ele voltou a manifestar sua inocência diante das acusações do Policial Militar João Dias de que receberia propina de contratos celebrados no âmbito do programa Segundo Tempo. "É uma narrativa falsa, fundada em mentiras, fundada em inverdades".

Na audiência que durou mais de três horas e meia, Orlando Silva desqualificou as acusações feitas pelo policial militar. "Quem faz a agressão trata-se de um desqualificado, de um criminoso, de pessoa que foi presa, é uma fonte bandida". Ele lembrou que foi o ministério quem detectou irregularidades nos dois convênios firmados com entidades de João Dias. Observou que há uma tomada de contas especial no Tribunal de Contas da União (TCU) contra o policial e uma ação penal, que, segundo Orlando Silva, poderia estar perto do final.

O ministro disse ter colocado à disposição da Procuradoria Geral da República (PGR) os sigilos fiscal, bancário e telefônico para que possa ser feita a apuração do caso. "Está tudo aberto", afirmou Silva, que havia solicitado à PGR que instaurasse uma investigação.

Parlamentares da oposição se retiraram da audiência com o Ministro Orlando para ouvir o João Dias Ferreira. Pela manhã, alegando problemas de saúde, o PM pediu o adiamento do depoimento que daria à Polícia Federal.

Líder do DEM, ACM Neto (BA) disse que não faria nenhuma pergunta a Orlando Silva porque a audiência era um "palanque armado" para que o ministro fizesse sua defesa. Segundo o deputado, o acusador tinha de ser ouvido antes do ministro.

Durante a audiência, o deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) sugeriu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério do Esporte e pediu a Orlando Silva que assinasse um requerimento com essa finalidade, como forma de demonstrar inocência. O ministro não assinou. "Não cabe ao poder Executivo se imiscuir no que compete ao Legislativo, constranger os parlamentares sobre essa matéria", justificou Silva.

Orlando Silva também rejeitou a suspeita de que um suposto esquema de desvio de verba no ministério atenderia a interesses do partido dele, o PC do B. "É uma irresponsabilidade a segunda acusação de esquema eleitoral para beneficiar meu partido, Quero rechaçar essa segunda falácia", afirmou.

 

 

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