Lula coloca até avião a serviço de candidatura do Rio para Jogos-2016
SÉRGIO RANGEL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai colocar o Aerolula na campanha do Rio a sede dos Jogos de 2016. Pouco antes de assinar o projeto de lei que vai bancar toda a campanha, Lula convidou ontem os integrantes do comitê de candidatura para participar das viagens presidenciais internacionais.
Em discurso no Palácio Guanabara, Lula disse que a carona será importante para o país conseguir a maioria dos votos em jogo no Comitê Olímpico Internacional. A escolha da cidade-sede será no dia 2 de outubro do próximo ano. A cidade brasileira disputa a Olimpíada com Madri, Chicago e Tóquio.
"Eu disse ao companheiro Sérgio Cabral e ao [presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur] Nuzman que, daqui para a frente, a cada viagem que eu fizer, eles serão convidados como chefes da delegação, como companheiros da delegação, para a gente, em cada lugar, falar com quem de direito, com os primeiros-ministros, com os presidentes, com os delegados", disse Lula.
"É preciso conversar com a pessoa certa, conversar com quem, na hora H, vai ter um voto", afirmou Lula, que criticou a formação do colégio eleitoral do COI, que tem 115 representantes. "Um país como a Suíça tem quatro delegados, e imaginem que toda a América do Sul tem quatro", acrescentou.
Na solenidade, Lula assinou o projeto de lei que vai liberar R$ 85 milhões para a campanha do Rio. O orçamento dos Jogos ainda não foi divulgado. O comitê de candidatura terá que apresentar a conta aos dirigentes do COI até fevereiro.
Depois de herdar uma série de obras no Pan, que deveria ser bancada pelo município ou o Estado, Lula cobrou ontem de Nuzman e dos políticos locais um estudo detalhado de todas as obras da Rio-2016.
"Eu me lembro do Pan. Passei seis meses tentando fazer esse protocolo e não foi possível. Então, é preciso que haja tarefas bem determinadas: qual o papel que cabe a cada um de nós para que em todas as reuniões saibamos o que cobrar uns dos outros. Aí, ninguém vai poder fazer intrigas", disse ele.
No Pan, a conta alcançou R$ 3,7 bilhões ou 793% a mais do que o previsto em 2002. Quando o Rio venceu a disputa por sediar os Jogos, União, Estado e município do Rio afirmaram por escrito que, juntos, gastariam R$ 409 milhões. O governo federal foi o principal pagador do Pan --R$ 1,8 bilhão. Inicialmente, a União desembolsaria R$ 140 milhões.
O presidente disse que o Pan será um trunfo da candidatura brasileira e afirmou que "agora é a hora do impossível". Segundo Lula, acabou "aquele tempo de a gente dizer: 'nós somos pobrezinhos, nós temos favelas, temos crianças de rua, temos não sei das quantas', que mobilizava. Isso mobiliza ONG, não mobiliza decisão de Estado".
"Sou brasileiro e não desisto nunca, e acho que nós vamos vencer essa parada", disse Lula.
Fonte: Folha de S.Paulo, no Rio