Márcio Fortes, ex-ministro das Cidades, participou de reunião de audiência pública para debater o planejamento geral dos Jogos Olímpicos Rio 2016, evento que também contou com a presença do Assessor Especial da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Otávio de Aguiar Second.

Embora questionado pelo plenário da CTD, o presidente da APO não informou o valor que será gasto com a realização do evento, argumentando que isso só será possível a partir do ano que vem, uma vez que até agora só foram definidos os projetos básicos e executivos relativos a obras e os valores só poderão ser totalmente levantados depois do cumprimento dessas etapas.

Segundo o presidente da APO, algumas obras já estão em andamento e outras ainda vão entrar na fase de execução. A partir daí, de acordo com ele, será possível fechar a conta. “Só poderemos somar todos os números quando os projetos estiverem no mesmo plano, ou seja, quando estiverem no que chamamos de ‘maturidade’, com os empreendimentos avaliados e mensurados. Caso contrário, estaremos misturando projetos com valor de referência com aqueles com valores já quantificados. Ademais, a APO não executa obras, apenas acompanha” argumentou, destacando a importância de os projetos levarem em consideração o legado que deixarão para a cidade após a competição.

Ele explicou ainda as dificuldades de medir o orçamento de cada empreendimento, pois muitos dos projetos já estavam em curso, alguns previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) –, como obras de mobilidade urbana – antes da definição da sede olímpica.

Márcio Fortes informou que a maioria das obras será entregue em 2015 – quando será realizado um evento-teste das olimpíadas. Ele disse ainda que os materiais de construção usados nas instalações esportivas que serão desmontadas após os Jogos serão reutilizados em escolas públicas do Rio.

“Por outro lado, o grande legado dos Jogos Olímpicos de 2016 será a criação de uma cultura esportiva no País, com o consequente aumento no número de medalhas nas olimpíadas seguintes. Para tanto é preciso entusiasmar a população, especialmente os jovens, a exemplo do que foi feito em Londres quando o governo incentivou a população a não viajar no período dos jogos e isso conseguiu até mesmo influenciar o espírito esportivo fazendo com que a Grã-Bretanha aumentasse o número de medalhas com relação a Pequim 2008”, argumentou, completando que é fundamental a atuação conjunta do Poder Público e da inciativa privada na formação de novos atletas.

Marcio Fortes acentuou que a Vila Olímpica também contribui para desafogar o setor hoteleiro uma vez que ela tem capacidade para comportar 18 mil pessoas e há também a possibilidade de utilização dos navios de cruzeiros como opção de hospedagem durante os jogos olímpicos do Rio. Esse recurso, se adotado, disponibilizará mais 10 mil quartos,

O presidente da APO informou que a acessibilidade está sendo tratada com prioridade, não só nas obras em andamento, como também no transporte, recepção e hospedagem tanto dos visitantes como dos participantes da Paralimpíadas que é um evento contínuo aos jogos olímpicos.

Respondendo aos questionamentos dos parlamentares, Fortes disse que o setor hoteleiro está sendo fiscalizado com relação às olímpiadas para que não se repita o ocorrido na Conferência Rio+20, com relação aos preços das diárias a serem cobradas. Ele disse ainda que novos hotéis estão sendo construídos na cidade do Rio de Janeiro, inclusive, em novas áreas que estão sendo liberadas para o setor.

Por sua vez, o assessor especial da Casa Civil do Rio de Janeiro, Luiz Otávio de Aguiar Second, disse que as estações de integração entre o metrô e o Veículo Leve sobre Pneus (VLP) serão um dos legados mais importantes para a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele destacou que, com essas instalações, os passageiros poderão trocar de meio de transporte sem sair das estações. “O governo do Rio local espera contar com 40 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) até 2016 – hoje, existem 19”, disse, informando que o ginásio do Maracanãzinho já está pronto para as Olimpíadas e que o estádio do Maracanã ficará pronto antes da Copa das Confederações do ano que vem.

Na Presidência da reunião, o deputado Afonso Hamm (PP-RS) anunciou que um grupo de parlamentares deve visitar o Rio em dezembro para vistoriar as obras. “Parece, neste momento, que a atenção do Brasil está só na Copa do Mundo de Futebol. Mas temos de nos preocupar também com as Olimpíadas, a organização, os valores investidos e a segurança para realização desse grande evento”, argumentou. Hamm lembrou ainda que  a CTD já visitou aas 12 cidades sedes da Copa do Mundo de 2014 e, no entanto, até agora não fez nenhuma visita técnica ou de vistoria as obras para as Olímpiadas.

Criada em março de 2011, a APO coordena as ações do governo voltadas para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Vinculada ao Ministério do Esporte, a APO é a instituição responsável pela aprovação e monitoramento das obras e dos serviços que compõem a Carteira de Projetos Olímpicos, ou seja, todos os projetos que, de alguma forma, tenham repercussão sobre os compromissos assumidos pelo Brasil junto ao Comitê Olímpico Internacional.

Luiz Paulo Pieri

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