Entrevista com a Deputada Lídice da Mata

07/05/2007 11h50

Como a Sra. foi recebida na Câmara dos Deputados?
Lídice da Mata – A Câmara Federal recebe todo parlamentar eleito pelo voto popular da mesma forma, com respeito e gentileza, portanto muito bem. A instituição tem normas bem definidas e os partidos seguem essas normas. Foi assim quando eu assumi pela primeira vez como deputada federal, em 1987. Participei da elaboração da Constituição Cidadã de 1988, como membro de várias comissões, e de todos os grandes e importantes debates da época.

O que levou a Sra. à presidência da Comissão de Turismo e Desporto? Acordo político ou houve votação?
LM – A inclusão de um deputado em alguma das comissões da Câmara, seja permanente ou não, é dos partidos. Segue o critério de proporcionalidade. Mas, já como membro da comissão, fui eleita pelos demais membros para o cargo de presidenta.

Apesar do grande potencial, a Bahia ainda não despontou no cenário nacional como grande pólo turístico. Agora, com Leonelli na secretaria de Turismo do governo da Bahia e com a Sra. à frente da Comissão de Turismo e Desporto, o que efetivamente pode ser feito para alterar esta situação?
LM – O que vai ocorrer é uma mudança de conceito. Primeiro, porque a Bahia assentou as bases para o desenvolvimento do turismo ainda na década de 1970. Nos últimos tempos, o foco dessa atividade, nas ações do governo estadual, ficou centrado no litoral. Agora, a idéia é descentralizar essa atividade, aproveitando todo nosso potencial, que é enorme. Temos belezas naturais além das praias e ilhas. Temos festas populares e religiosas. Temos, enfim, muito o que apresentar. Para isto, estamos em sintonia com o que se debate no âmbito federal. Estamos lutando para trazer à Casa o projeto de Lei Geral do Turismo, que regulamenta o setor. Este projeto foi aprovado pelos entes que fazem parte do sistema de turismo, inclusive pelo Congresso Brasileiro de Atividades Turísticas (Cbratur). O Ministério do Turismo já o encaminhou à Presidência da República e, de lá, virá para o Congresso Nacional. Eu mesma tenho feito gestões junto ao ministro Walfrido Mares Guia, de Relações Institucionais, e à ministra do Turismo, Marta Suplicy, para que o projeto seja encaminhado para as comissões de Turismo da Câmara e do Senado, para que sua tramitação seja breve. Isso será um forte impulso para o Turismo no país inteiro e, em especial, na Bahia.

A transposição do São Francisco é unanimidade, ou é assunto polêmico entre a bancada baiana?
LM – Esse é um tema polêmico em nosso Estado e a nova bancada federal ainda não o discutiu.

Pessoalmente a Sra. acredita que essa legislatura pode atrair novamente a confiança e o respeito da população?
LM – Com certeza. Desde o fim do regime militar, o Brasil vem passando por um rico processo de fortalecimentos de suas instituições democráticas. Agora, com o presidente Lula, houve uma preocupação maior com os brasileiros e brasileiras, de um modo geral, não apenas com as elites. Por isso, além de instituições fortes, o País tem um governo com enorme respaldo popular. Um governo que teve a coragem de criar a Controladoria Geral da União para combater desvios e de colocar os instrumentos já existentes, como a Polícia Federal, a serviço do combate à corrupção e outras atividades ilegais que esbarram nas estruturas de poder. Isso é um mérito do governo Lula. E se reflete nos poderes legislativo e judiciário. Há, no Congresso Nacional, um sentimento de que a instituição também precisa ganhar o apoio popular e é nítido o esforço de todos os partidos por melhorar a imagem da Câmara.

Para a Sra. o que incomoda mais os brasileiros: o chapéu de vaqueiro do deputado Mão Branca (PV-BA) ou a insistência dos parlamentares em aumentar os próprios salários?
LM – É claro que o incômodo maior é com a questão de salários e outros benefícios. Discutir o modo de vestir de cada parlamentar parece desimportante para qualquer um. É, no entanto, importante desmistificar a manipulação da imprensa quando trata dos salários dos deputados, levando, claro, à irritação da população.

Ainda no Congresso, a Sra. compraria um vestido do deputado estilista Clodovil Hernandes?
LM - Não, que eu não teria dinheiro para isso. Porém, o estilista está aqui como deputado eleito, como eu, e merece o meu respeito.

Agora na esfera municipal, existe a possibilidade de João Henrique, agora no PMDB, ser candidato à reeleição e o PT lançar candidato próprio. Nesse caso, qual será a posição do PSB: apóia JH, se alia ao PT ou entra na disputa com uma candidatura própria?
LM – O partido ainda não tem posição sobre isso.

Recentemente o “Bahia Notícias” realizou uma enquete para avaliar os cem primeiros dias do governo Wagner. Obtivemos o seguinte resultado: 6% responderam que o governo está péssimo, 23,8% ruim; 21,2% regular; 14,1% bom; e 11,3% ótimo. Os que optaram entre "péssimo" e "ruim", na avaliação do governo petista da Bahia, somam 53,4%, contra a avaliação positiva de apenas 24,4% do total. A Sra. considera o resultado representativo? Como o governo deve encarar essa avaliação?
LM – É muito pouco tempo de governo para avaliarmos esse tipo de pesquisa. O que está na memória de todos, em verdade, é o resultado das urnas, que foi avassalador. Neste momento, o que é certo é que o governo está promovendo mudanças fundamentais, que iremos sentir os resultados brevemente.


Depois das últimas eleições, junto com o DEM (antigo PFL), o PSB foi o partido que mais perdeu parlamentares. Com a decisão do TSE, o PSB e o DEM foram os primeiros partidos a requerer as vagas perdidas. Esse é o lado DEM do PSB?
LM – Não, nada disso. Acredito que a decisão do TSE foi acertada. Estamos exercendo um direito.

Fonte: Samuel Celestino (www.samuelcelestino.com.br)