Embargo de obras na Marina da Glória não inviabiliza provas do Pan
Renata Granchi
Construtora quer uma garagem para barcos em área tombada pelo Iphan.
Superintendente diz que Jogos podem acontecer com instalações provisórias.
O superintendente regional do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Ipahn), Carlos Fernando Andrade, foi à Marina da Gloria nesta quinta-feira (19) verificar se a Empresa Brasileira de Terraplenagem e Engenharia (EBTE), que tem a concessão de exploração do local, está cumprindo a ordem judicial que embargou a construção de uma garagem para barcos. Segundo o superintendente, não há risco das provas de vela serem canceladas se instalações provisórias forem montadas.
“Desde outubro estamos falando que o Pan poderia funcionar com instalações provisórias. Essas instalações seriam usadas para guardar os barcos que irão participar das provas de vela. A construção é rápida, cerca de dez dias e devem ser retiradas assim que acabar o Pan”, diz.
A polêmica em relação à Marina da Glória começou após a construção da nova garagem de barcos na enseada da Marina, próximo ao Aeroporto Santos Dumont. As obras estariam sendo feitas em área tombada e sem autorização do Iphan, que também argumenta que a altura da garagem obstruiria a visão do Pão de Açúcar e morros próximos. Segundo o Iphan, a garagem teria a altura de um prédio de cinco andares, com 19 mil metros quadrados e seria usada principalmente para guardar lanchas, que não participam do Pan.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do CO-Rio, Carlos Arthur Nuzman, chegou a declarar que a garagem não era necessária para as provas do Pan. Ela só seria indispensável, segundo ele, no caso do Rio ser indicado como sede dos Jogos Olímpicos.
A EBTE, que tem a concessão da Marina da Gloria, briga na Justiça com o Iphan desde 1999 para realizar obras de ampliação do local.
A adaptação da Marina para o Pan foi orçada em R$ 43 milhões. A obra era de responsabilidade da Prefeitura, que aumentou o prazo de concessão de dez para 30 anos em troca de a EBTE arcar com todo o custo do empreendimento.
“No momento, o embargo está no nosso lado, mas eu acho que eles têm a esperança de recomeçar. Quando acabar a ação na Justiça a idéia é mandar demolir tudo”, diz Carlos Fernando.
O embargo
O primeiro embargo feito pelos técnicos do Iphan foi realizado no dia 30 de outubro. A EBTE foi à Justiça e conseguiu suspender o embargo.
Em 27 de março, a Secretaria de Patrimônio da União pediu interrupção dos trabalhos sob a alegação que a EBTE não tinha licença necessária para a construção e que ela estaria afetando o espelho d`água. O novo embargo foi determinado pela procuradora do meio ambiente do Ministério Público Federal, Gisele Porto.
Mas técnicos do EBTE descumpriram a ordem judicial que determinava paralisação dos trabalhos por tempo indeterminado e continuaram trabalhando. No último dia 13 de abril, técnicos do Iphan voltaram à Marina e embargaram novamente a obra.
Fonte: Do G1, no Rio