CTD inicia debates sobre o desafio da sustentabilidade na Copa de 2014
Participaram da audiência o diretor do Departamento de Articulação e de Ações na Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Rodriguez, do diretor de mobilização da SOS Mata Atlântica. Mário Mantovani, e da represente da Associação Ambiental Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), Paula Gabriela Freitas. O representante da SOS Mata Atlântica manifestou preocupação com o fato de a Copa de 2014 acontecer no período de chuvas na Região Nordeste. Mário Mantovani observou que em virtude da atual situação de saneamento público das cidades nordestinas, existe o risco de, em se repetindo os temporais que aconteceram recentemente na região, essas cidades serem afetadas por um derrame de "esgoto saindo por todos os lados". Mantovani chamou a atenção para o aspecto pedagógico que a Copa de 2014 poderá ter para o país. Segundo ele, "é preciso explorar o viés de que de atrás da bola está a sustentabilidade". Ressaltou que em função do aspecto pedagógico, a sociedade será beneficiada com a construção de estádios de qualidade, dotados dos equipamentos adequados para possibilitar o aproveitamento de água e de energia. - Queremos a Copa Verde porque esse é o valor agregado do evento. Mas para que esse objetivo seja atingido não basta, apenas, as empreiteiras terem uma atitude correta em relação à questão. É fundamental que a sociedade compartilhe desse objetivo - afirmou o representante da SOS Mata Atlântica, sugerindo que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) crie um selo de certificação para a Copa de 2014. As oportunidades da Copa Depois de salientar que a realização da Copa de 2014 criará para o Brasil oportunidades em matéria de economia de gastos, de reputação positiva de inovação ambiental, de conscientização e de benefícios sociais, a representante do ICLEI abordou a necessidade de o Brasil investir em um programa semelhante ao criado pela Alemanha para a Copa de 2006. - O Programa Green Goal focalizou quatro pontos: água, resíduos, energia e transporte. Encerrado o evento, quando se fez o balanço do resultados obtidos, constatou-se a redução de 20% da quantidade de resíduos produzida nos estádios e nos arredores; de 20% na utilização de energia nos estádios em função do amplo uso de energias renováveis; o aumento da utilização do transporte público, que possibilitou uma redução de 19% de gases poluentes - explicou ela. A representante do ICLEI apresentou também o projeto de sustentabilidade da Copa da África do Sul elaborado pela Cidade do Cabo. Foram definidos como metas principais reduzir em 20% o consumo de energia nos estádios, em 50% o consumo de água potável para irrigação, reciclar 20% dos resíduos dos estádios, dos centros de treinamento e das área de fan fests, e promover o acesso universal à mobilidade com eficiência energética.. Em sua exposição, Paula Gabriela Freitas salientou, no entanto, que "a sustentabilidade não está integrada ao projeto incial de Copa do Mundo no Brasil. Até o momento, não há indicações de que o Programa Green Goal será replicado para a Copa de 2014, apesar dos indicativos de que o tema ganhará espaço nos projetos do governo federal, bom como em âmbito local". - Nós temos a obrigação de, em relação à realização da Copa, pensar em utilizar essa oportunidade como ferramenta de educação. Mas para que a Copa de 2014 transforme-se em um legado para o país, é indispensável estabelecer metas a serem atingidas, monitorando e mensurando as ações para se identificar os resultados - ressaltou ela. Agenda A Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Grupo de Trabalho responsável pela organização da Copa de 2014 reúne-se no próximo dia 20 para sistematizar e consolidar a versão preliminar do Plano de Trabalho relativo ao evento e fixou a data de 28 de julho para concluí-lo. De acordo com a agenda do Grupo, o Plano será apresentado à Ministra do Meio do Meio ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira, no dia 30 de julho. A informação foi dada durante a audiência pública pelo diretor do Departamento de Articulação e de Ações na Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Rodriguez. As temáticas contempladas pelo Grupo de Trabalho são as seguintes: certificação de estádios, cidades sustentáveis, construções sustentáveis, consumo e compras sustentáveis, Copa orgânica, energias renováveis, mobilidade urbana, mudança climática, patrimônio natural e cultural, saneamento ambiental e turismo ecológico.