Companhias aéreas fazem propostas para amenizar crise
Empresas pedem que balcões de check-in sejam redistribuídos para atender às demandas e dizem que não vão diminuir número de vôos para solucionar a crise
Bruno Tavares
SÃO PAULO - Enquanto o relatório das CPIs do Apagão Aéreo sugerem mudanças na malha aérea do País e privatização dos 11 principais aeroportos, as companhias aéreas apontam pelo menos três medidas de curto prazo que ajudariam a amenizar os efeitos da crise aérea.
No Aeroporto Internacional de São Paulo (Cumbica), em Guarulhos, atingido por fortes nevoeiros nos últimos dias, as empresas sugerem que os balcões de check-in da Gol e da TAM - empresas que detêm 95% do mercado - fiquem em terminais distintos. Também pedem que a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) distribua os guichês de acordo com o tamanho da empresa.
"A Varig opera hoje 2% do mercado e tem a sua disposição dezenas de balcões em Cumbica. Enquanto isso, TAM e Gol ficam espremidas no mesmo terminal", argumenta o executivo de uma companhia aérea. "Isso ajudaria a aliviar o desconforto dos passageiros." As empresas também identificam outros problemas em Cumbica, como o número reduzido de equipamentos de raio x (são três para atender todos os passageiros).
Outra reivindicação feita pelas companhias é operar o sistema de comunicação dos aeroportos. "Se o vôo vai atrasar quatro horas, as pessoas têm o direito de saber a verdade. Só que hoje a Infraero divulga o que bem entende. Isso irrita os passageiros e afeta a imagem das empresas", afirma o mesmo executivo.
As empresas também pedem que a Infraero acelere as obras em andamento, principalmente a ampliação do pátio de estacionamento de aviões no Aeroporto de Congonhas. "Não tem sentido demorar quase um ano e meio para fazer adequações tão simples", protesta o executivo.
Número de vôos
As companhias aéreas também sofrem pressão para redistribuírem os vôos em horários de pico, mas cobram do governo um prazo para que a infra-estrutura aeroportuária se adapte à demanda do setor.
"O que as autoridades esperam? Que as empresas sejam incompetentes como elas?", questionou um alto executivo de uma companhia, que falou ao Estado sob a condição de anonimato. "Não vamos reduzir vôos. Se isso nos for imposto, teremos de quadruplicar o valor das tarifas para conseguirmos fechar a conta."
Para defender sua posição, as empresas se apóiam nos bons resultados obtidos nos últimos seis anos. Lembram que, desde 2001, o crescimento do setor tem variado de 12% a 19%.
Malha apertada
As companhias também rebateram as críticas feitas por militares ligados ao sistema de controle de vôo e pela Infraero de que operam com a malha apertada. Segundo representantes das empresas, as escalas de vôos são feitas eletronicamente, pelo mesmo software usado por companhias internacionais. "Nossos aviões voam, em média, 13 horas por dia. É uma carga bem razoável", afirmou o executivo ouvido pelo Estado.
Militares, por sua vez, alegam que as empresas dificilmente levam em conta eventuais panes nas aeronaves e problemas meteorológicos. "O mesmo avião que parte de Porto Alegre tem de chegar a Rio Branco, no Acre,horas depois. Mas, se Cumbica fecha por nevoeiro, a aeronave não vai conseguir cumprir a jornada no tempo previsto", explicou um oficial da Aeronáutica.
As companhias dizem que, antes de vender as passagens, receberam autorização dos órgãos de aviação do governo. "Se operar dessa forma é inviável, por que tivemos esse aval?", indagou o executivo. "Não fomos nós que criamos os horários de pico. Os passageiros é que preferem voar nesses períodos."
Fonte: Agencia Estado