Cifras elevadas vão gerar dividendos
Rio de Janeiro, 12 de Setembro de 2008 - O tamanho das cifras envolvidas nas perspectivas de investimentos abertas pela realização da Copa Mundial de Futebol no Brasil em 2014 dá a dimensão dos dividendos econômicos e políticos envolvidos no megaevento. Somente os recursos necessários para as obras de transporte nas cidades-sede foram estimados em R$ 38,5 bilhões, segundo o Plano de Mobilidade Urbana elaborado pelo Ministério do Turismo.
Esses total é o que será necessário gastar para dotar as capitais de metrô e corredores de ônibus. Metade disso é o valor calculado para o Trem Bala entre o Rio de Janeiro e São Paulo; outros R$ 15 bilhões iriam para a capital paulista, mais R$ 5 bilhões para o Rio, Belo Horizonte ganharia R$ 211 milhões, Porto Alegre R$ 1,2 bilhão, Fortaleza R$ 189 milhões, Recife/Olinda R$ 198 milhões, mesma quantia prevista para Natal e Maceió, além de outros R$ 710 milhões para Brasília.
A comissão interministerial para a Copa de 2014 já definiu que o Tribunal de Contas da União (TCU) vai acompanhar de perto a execução de todas as obras planejadas para dotar o País da infra-estrutura exigida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). "Não vamos repetir o que ocorreu durante os Jogos Pan-Americanos, as atribuições serão muito bem definidas para evitarmos empurra-empurra de responsabilidades", afirma o coordenador da comissão, Alcino Reis.
A Fifa exigirá que prazos e qualidade, entre outros requisitos, sejam plenamente atendidos - o caderno de encargos traz 141 exigências. "E nenhum atraso poderá ocorrer", destaca o sócio da PricewaterhouseCoopers - Brasil, responsável pela área de Serviços a Projetos de Infra-Estrutura e Megaprojetos de Investimento, Maurício Girardello.
Um evento com uma repercussão inigualável, assistido por 33 bilhões de espectadores – se levarmos em conta as audiências cumulativas - também terá de tomar muito cuidado com outras áreas. "As condições de segurança terão de ser melhoradas num patamar completamente diferente ao que o Brasil está acostumado", diz Robson Calil, um dos sócios da Deloitte Brasil. As exigências da Fifa passam, inclusive, pela existência de uma força policial poliglota.
O evento que será realizado em 2014 irá incentivar o investimento em infra-estrutura no Brasil em um momento muito propício. "O mercado global está numa fase denominada ''longo boom em infra-estrutura'', onde estima-se que U$ 41 trilhões serão investidos nos próximos 25 anos, dos quais de 50% a 60% do total em mercados emergentes", destaca o sócio da PricewaterhouseCoopers - Brasil, Maurício Girardello.
Tudo indica que não devem faltar recursos financeiros para a Copa, mas as metas são ambiciosas, observa o consultor. "Além dos gargalos a serem geridos para que, de fato, o que foi planejado para o evento seja alcançado, é necessário estabelecer uma linguagem e meios que forneçam aos setores público e privados condições adequadas para planejar, executar e manter os projetos até a geração de todos os benefícios previstos", comenta Girardello.
Neste sentido, Calil acredita que os prazos para o Brasil dar conta de todos os projetos estão curtos. "É preciso ter tempo para estudar quais as melhores soluções do ponto de vista de custos e benefícios, como o legado que esses investimentos deixarão às comunidades", defende. "Caso contrário, se deixarmos para fazer tudo às pressas, não saberemos se optamos pelas melhores soluções de investimentos", conclui.
Fonte: Gazeta Mercantil - Nacional