Brasília tentará atrair turistas portugueses

03/07/2007 16h30

Com a entrada em operação de vôo internacional ligando a capital a Lisboa, agências de viagem criam roteiros regionais no Centro-Oeste
Mariana Flores

A 16 dias do início da operação do primeiro vôo internacional de Brasília para a Europa, o setor de turismo local se mobiliza para tentar segurar os viajantes na capital federal. A rota que ligará Brasília a Lisboa, feita pela empresa aérea portuguesa TAP, entrará em operação no próximo dia 19 e já tem 20 mil reservas feitas até novembro. Os vôos serão diários, com exceção de quarta e sexta-feira. Cada pessoa pagou entre US$ 800 e US$ 940 (ida e volta) — o primeiro valor foi promocional. A companhia não divulga a origem desses passageiros, se são brasileiros indo para a Europa ou portugueses vindo para o Brasil.

Mas a expectativa da TAP é usar o Aeroporto Internacional de Brasília como um ponto central para distribuir os visitantes para outras pontos turísticos do país. “Brasília é um grande ponto de conexões”, resume o diretor-geral da TAP no Brasil, Mário Carvalho. “Não contamos especificamente com Brasília. Ela faz parte de um todo. A cidade conecta desde Manaus até Porto Alegre e é a melhor forma de se chegar ao Pantanal”, completa.

O setor de turismo local, no entanto, se esforça para conseguir reter os turistas na capital federal e em cidades do Centro-Oeste. Ontem, representantes de agências de viagem dos estados da região e do Distrito Federal se reuniram para definir estratégias para manter os turistas europeus que a partir do dia 19 desembarcarão em Brasília. “Os turistas que vêm a Brasília ficam menos de duas noites aqui. Queremos que fiquem mais tempo e que viagem pela região”, afirma o presidente da Associação Brasiliense das Agências de Turismo Receptivo (Abare), Yoshihiro Karashima.

Há dois anos a associação promove ações de divulgação de alguns pacotes que incluem Brasília entre os operadores de turismo portugueses. A idéia é que os turistas lusitanos passem dois dias em Brasília e três na Chapada dos Veadeiros ou Pirenópolis. Há ainda opções que introduzem Brasília nos pacotes do Pantanal ou da Amazônia. Com a ligação direta entre a capital federal e Lisboa, as viagens ficarão, no mínimo, quatro horas mais curtas. A previsão é que os vôos durem cerca de nove horas e meia.

Um aumento do foco da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) no país europeu também pode ajudar a capital brasileira. A agência responsável pela divulgação do país no exterior dobrou os recursos gastos para promover o Brasil em Portugal. Em 2006, foram destinados US$ 1,6 milhão de seu orçamento. Neste ano, serão gastos até dezembro US$ 3,1 milhões com campanhas publicitárias e ações de relações públicas. Portugal é hoje o maior emissor de europeus para o Brasil, segundo dados da Embratur. No ano passado, 312,5 mil turistas portugueses desembarcaram no país.

Mas para atrair esses turistas e competir com as praias brasileiras, a capital necessita de alguns cuidados, na opinião dos agentes de viagem. Ontem, eles definiram alguns pontos que precisam de atenção especial do Governo do Distrito Federal. O documento prevê reformas e melhoria na manutenção de pontos turísticos como a Torre de TV e a Praça dos Três Poderes, por exemplo. A cidade também precisa de melhor sinalização e segurança, além de obras no setor de transporte. “Estamos conversando com o GDF. Pontos turísticos precisam de manutenção constante”, afirma Karashima.
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Brasil na contramão

Em 2006, o número de turistas estrangeiros que visitaram o Brasil diminuiu. Segundo informações divulgadas ontem pela Organização Mundial do Turismo (OMT), 5 milhões de visitantes entraram no país em 2006, número 6,3% menor em relação a 2005 (5,4 milhões). No último trimestre do ano, os dados também são negativos: queda de 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora a pesquisa não explique as razões da queda no Brasil, o secretário-geral da entidade, Francesco Frangialli, diagnosticou, no fim do ano passado, que os problemas no setor aéreo — com a crise da Varig, por exemplo — e a violência nas grandes cidades estavam minando os ganhos do setor turístico.

O desempenho nacional está na contramão do movimento internacional. O turismo movimentou 842 milhões de pessoas no mundo durante o ano de 2006, um crescimento de 4,5% em relação aos 808 milhões de 2005. Apesar da redução do número de visitas, os gastos dos turistas que passaram pelo Brasil cresceram 22% e colocaram o país na quinta posição nesse quesito, empatado com o Kuwait.

Frangialli considera a fase como histórica “de crescimento contínuo ao longo dos três últimos anos, já que o número de turistas aumentou em 150 milhões, e estão ocorrendo crescimentos muito importantes em regiões como a África”. Frangialli destacou o grande progresso da China, e indicou que o país “ocupou o quarto lugar em número de chegadas, e agora está praticamente no terceiro, ao lado dos Estados Unidos”. Para o secretário-geral, a China “pode tirar a Espanha do segundo lugar em 2010 e a França do primeiro em 2020. Além disso, se transformou no principal emissor de turistas do mundo, seguido pela Índia”.

Fonte: Equipe do Correio