Brasil precisa mudar imagem no exterior para combater turismo sexual
Akimi Watanabe
Seminário sobre políticas públicas de combate à exploração sexual infantil e ao turismo sexual
O assessor da Presidência do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Walter Luiz, informou que nos últimos sete anos o órgão abandonou a promoção do turismo no Brasil por meio da exploração da imagem da mulher. A coordenadora do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Leila Paiva, também destacou a necessidade de coibir, internacionalmente, as propagandas de turismo sexual no Brasil. "Dessa forma, não haverá mais a demanda por esse tipo de turismo", disse. "Temos de mostrar, em âmbito internacional, que o Brasil não se cala diante dessa realidade; que a população brasileira não aceita essa realidade e a denuncia", acrescentou. Segundo ela, mais de 150 mil denúncias de exploração sexual já foram feitas por meio do Disque Denúncia Nacional - Disque 100, serviço de recebimento, encaminhamento e monitoramento de queixas de violência contra crianças e adolescentes.
Para o presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputado Jonas Donizette (PSB-SP), a exploração da imagem da mulher brasileira no passado foi um erro. Ele considera o turismo sexual uma degradação para o País: "Muitas pessoas ainda associam vir para o Brasil com esse intuito e isso é muito ruim". Segundo ele, o combate ao problema será uma das prioridades da comissão para os próximos anos.
Vice-presidente do colegiado, o deputado Romário (PSB-RJ), também declarou estar comprometido com a causa e estimulou a denúncia do crime. "Turismo não é isso; turismo é diversão e alegria", sustentou. O parlamentar ressaltou que o assunto vai ser explorado nas visitas realizadas pela comissão às cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. "Estamos atentos ao problema."
A coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente, deputada Erika Kokay (PT-DF), afirmou que o problema envolve diferentes formas de dominação: do adulto em relação à criança; do homem em relação à mulher; do mais poderoso com o menos poderoso. "Se é uma questão cultural, não é natural e poderá ser desconstruída", argumentou. Conforme ela, a naturalização do problema alimenta a impunidade - Kokay informou que vários casos já denunciados não foram punidos.
Já a deputada Liliam Sá (PR-RJ), uma das autoras do requerimento para a realização do seminário, mencionou que, no Rio de Janeiro, crianças vendiam o corpo a R$ 1,99. "As crianças e os adolescentes não se prostituem; são prostituídos", destacou. "A exploração sexual é uma das piores formas de trabalho infantil", completou. De acordo com ela, muitas meninas desaparecidas de 7 a 12 anos estão sendo exploradas.
A presidente da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), Oreni Campêlo Braga, também afirmou que o problema envolve o tráfico de crianças e adolescentes. Ela lembrou que tem crescido o número de jovens do sexo masculino vítimas de exploração no seu estado. Desde 2005, a empresa realiza campanha de sensibilização contra a exploração sexual infantojuvenil. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual da Criança e do Adolescente é celebrado em 18 de maio.
Agencia Câmara