Autoridades do turismo brasileiro não dão espaço para crise econômica

26/02/2009 07h05

 

Diário do Turismo aproveitou a reunião do Fórum Nacional dos Secretários Estaduais e Dirigentes de Turismo (Fornatur) realizado nesta quarta-feira (11) em São Paulo durante o Workshop CVC para ouvir o que pensa algumas autoridades sobre a crise econômica mundial, que começa, em alguns setores, a resvalar no Brasil. Pelas palavras do ministro Luiz Barretto (foto) e de várias autoridades públicas e privadas, o setor não sofreu fissuras e tudo indica que não se abalará com o terremoto econômico.  Bastante ponderados, os executivos ouvidos não se intimidam, acreditam em seu potencial receptivo e na grande demanda doméstica. Confiram:

 

Vitalidade

Luiz Barreto – Ministro do Turismo

 

"O mercado do turismo está crescendo e teremos um grande verão, cerca de 20% maior que o ano passado. O turismo doméstico é a saída para a situação atual. Além disso, a desvalorização cambial ajuda o Brasil a oferecer o seu produto mais barato. A CVC anunciou que tem uma projeção de crescer 15% em 2009, além de termos uma captação grande de argentinos no Brasil. Este evento da CVC é um exemplo da vitalidade do turismo brasileiro".

 

Novos hotéis

João Martins – Secretário de Turismo do Estado do Maranhão

 

"Só para se ter uma idéia, de turistas nacionais, domésticos, nós partimos de 220 mil em 2006 para 320 mil pessoas em 2008. Evidentemente, o nosso grande foco é o turista nacional, que representa cerca de 60%. Mesmo não tendo voos diretos. A presença de estrangeiros é bem detectada. A previsão é que até 2011, vamos inaugurar dez novos hotéis, essencialmente em São Luís (4 mil leitos), então o investidor está interessado. As perspectivas são ótimas, só precisamos regularizar a oferta de voos.

 

Determinantes

Claury Alves – Secretário de Turismo do Estado de São Paulo

 

"Acredito que o turismo este ano vai continuar crescendo. Comparados à janeiro do ano passado já tivemos um aumento em torno dos 10%. Algumas determinantes são importantes, como é o caso de um evento como este como o da CVC que demonstra todo o clima de prosperidade do setor. Para o Estado de São Paulo, combinados ao que temos feito, formatando os destinos, os roteiros, oferecendo melhores condições em parceria com a iniciativa privada, temos colhido resultados de uma maior procura de nossos destinos paulistas".

 

 
Sinônimo

Guilherme Paulus – presidente do Conselho de Administração da CVC

 

“Nosso setor sempre deu mostras de vigor e comprometimento com a economia brasileira. O mundo vive a palavra crise. Para nós é sinônimo de novas idéias, novos projetos e novas oportunidades. Vamos vender muitas viagens em 2009 e 2010. Uma de nossas medidas este ano é incrementar em torno de 7% o número de pacotes de viagens. E a partir de março, pelo menos 40 lançamentos novos na prateleira da CVC. Isso não é retração de mercado.

 

 

 
Outra dimensão

Silvio Costa – Secretário de Turismo do Estado de Pernambuco

 

"Estamos acompanhando e vivenciando este ambiente econômico do Brasil e do mundo e sabemos que o ano de 2009 será um ano difícil para a economia brasileira, no entanto sabemos que a indústria do turismo tem um papel importante sobretudo para ajudar o país a crescer. O ano de 2008 foi o melhor ano do turismo no Brasil. Tivemos mais de 5 milhões de estrangeiros nos visitando; um crescimento no faturamento de quase 14%; foram quase 63 mil novos postos de trabalho gerados pela indústria do turismo e eu penso que todos os estados tem um papel importante de forma que todos devam investir em infra-estrutura, qualificação, preparando o Brasil para o turismo. Penso que nesses últimos quatro ou cinco anos o país começou a ter outra dimensão do papel do turismo para o desenvolvimento".

 

 

Influência Cambial

Virgínio Loureiro – Secretário de Turismo de Alagoas

 

"Esse novo cenário econômico na realidade não é novidade. Toda vez que temos uma mudança cambial apresentam-se novos cenários. A primeira é uma retração da saída de brasileiros para o exterior isso traz como conseqüência o fortalecimento do turismo doméstico. As pessoas, portanto, fazem as viagens internas porque não sofrem na pele (leia-se no bolso) a influência cambial. Isso é o que a gente pode afirmar hoje, em fevereiro. Por outro lado, isso fortalece também o receptivo internacional à medida que para o estrangeiro vir para Brasil passa a ser mais barato. Dessa vez a crise aparece de uma forma mais aguda, no entanto ela é bem latente em países mais desenvolvidos economicamente, como os europeus e nos EUA. Iremos ter um verdadeiro panorama a partir de março; a gente tem sentido que o mercado internacional não tem apresentado retração".

 

 

Salão Gaúcho

Heitor Gularte – Secretário de Turismo do Rio Grande do Sul

 

"É muito peculiar a situação atual, já que  66% do nosso turismo é interno. Essa crise na verdade é uma excelente oportunidade, sem querer ser redundante. Do início do ano para cá, tivemos uma entrada de estrangeiros no Rio Grande do Sul 50% superior em relação ao mesmo período do ano passado. Além do incremento desses turistas estrangeiros pela linha terrestre, argentinos, uruguaios e chilenos, estamos também trabalhando fortemente uma campanha no mercado doméstico de São Paulo e no próprio Rio Grande do Sul. Nossa 6ª edição do Salão Gaúcho, virá com mais força ainda".


Fotos: DT

Fonte: Diário do Turismo