Atletas pedem maior apoio ao esporte feminino

Condições igualitárias com atletas masculinos e mais cargos de comando no esporte brasileiro foram as principais reinvindicações das ex-atletas olímpicas que participaram nessa quarta-feira (14) de audiência pública, na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, para debater políticas públicas para as mulheres desportistas. A audiência foi solicitada pelas deputadas Jô Moraes (PCdoB-MG) e Luci Choinacki (PT-SC).
14/12/2011 19h37

Akimi Watanabe

Atletas pedem maior apoio ao esporte feminino

Ex-atletas participam de debate na CTD

A ex-jogadora de vôlei de praia Jaqueline Silva criticou as diferenças salariais entre atletas nas modalidades feminina e masculina e a falta de apoio para as mulheres no esporte. Ela ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e lembrou que, ao voltar ao Brasil, foi discriminada por questionar a discriminação com as mulheres . "Os jogadores de vôlei ganhavam mais que as jogadoras, sob o argumento era de que o vôlei masculino era mais difícil. Temos que evoluir", disse.

Aída dos Santos, única mulher a compor a delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de 1964, também fez um relato comovente sobre a falta de apoio que enfrentou como atleta naquele ano.

A jogadora de futebol do Atlético Mineiro Amanda Miranda reivindicou tratamento igualitário para homens e mulheres no esporte. "Poderia ser organizado um campeonato brasileiro feminino. O Brasil é o País do futebol, mas estamos perdendo para o Japão e para os Estados Unidos porque eles investem. Com esporte a gente consegue tirar as meninas da rua e até da prostituição", destacou. Já a ex-jogadora de vôlei brasiliense, Leila, afirmou que o Brasil é uma potência no esporte que precisa ser mais explorada.

A diretora do departamento de Planejamento e Gestão Estratégica do ministério do Esporte, Cássia Damiani, disse que várias iniciativas em prol da mulher desportista estão sendo tomadas pelo ministério do Esporte, inclusive a criação de uma coordenação especial de futebol feminino, como forma de incentivar essa modalidade esportiva. Para ela o grande legado dos megaeventos esportivos é a formação de atletas que deve ser estimulada pelas escolas, especialmente as públicas.

A professora da Universidade de São Paulo (USP), Katia Rubio, contou que na antiguidade a mulher era excluída das competições porque não era considerada cidadã. Depois, já em jogos olímpicos da era moderna, o argumento era de que as mulheres eram "fracas dos nervos". "A primeira participação feminina brasileira em jogos olímpicos foi em 1932, com Maria Lenk, na natação", relatou. Só na década de 80 esse cenário de poucas mulheres competindo começa a se transformar, com a profissionalização do esporte brasileiro. "Espero que com esse debate possamos pensar em estratégias e políticas que efetivamente contribuam para o esporte das mulheres no Brasil", disse.

Tanto as atletas quanto parlamentares e a representante do ministério do Esporte apoiaram a proposta da deputada Luci Choinacki de instituir o ano de 2013 como o da mobilização nacional pela valorização das mulheres no esporte.

O presidente da CTD, deputado Jonas Donizette (PSB-SP) considerou a audiência pública como um "marco" para a conquista de avanços no esporte feminino e solicitou que a CTD reproduza a audiência em um livro para registrar a importância do tema para o colegiado.

 

 

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