Uma das principais questões destacadas na reunião anterior (realizada em 13 de novembro) e novamente na terça, foi a falta de homogeneidade entre os salários e benefícios dos trabalhadores, a usina de Belo Monte tendo os números mais baixos.

O representante do Sintrapav, Eduardo Armond Corte de Araújo, apontou a grande diferença de remuneração entre os canteiros de obra situados no Norte do país e aqueles do Sul e Sudeste. Segundo Eduardo Armond, os trabalhadores do Norte recebem de 35% a 40% menos e vivem em condições piores, sem infraestrutura.

Ainda sim, observou-se uma melhora em ambos após as mobilizações. Belo Monte, por exemplo, fez um reajuste de 11% nos salários e aumentou o vale-alimentação de R$100 para R$200, ainda inferior ao oferecido pela hidrelétrica de Jirau, no valor de R$300. Apesar da melhora percentual, o representante do Sintrapav alertou: “Não adianta apresentar percentuais; os trabalhadores têm que ter condições efetivas de trabalho para trabalhar e remeter às famílias que ficam”. Embora ainda exista muito a ser feito para que uma situação ideal seja alcançada, os participantes concordaram que houve progresso nas negociações.

A obra de destaque foi a da Energia Sustentável do Brasil, Jirau, cuja empresa responsável pelas construções civis, a Empresa Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A, apresentou, detalhadamente, fotos dos alojamentos, que possuem área de lazer, academia, atendimento especializado para deficientes, além de iniciativas como formação e capacitação - sem vínculos de obrigatoriedade com a obra - de jovens e adultos da comunidade, e projetos contra prostituição infantil. Também, as construções de Jirau têm os melhores salários dentre as obras de hidrelétricas.

A reunião apresentou resultados positivos, mas, como destacado pelo Deputado Assis Melo (PCdoB-RS), ainda há muito a ser feito. “Todo desenvolvimento tem que ser acompanhado de condições mínimas de dignidade para o trabalhador”.

Estiveram presentes os senhores Paulo Damião, representante da Santo Antônio Energia; José Lúcio de Arruda Gomes, em nome da Energia Sustentável do Brasil; Henrique Di Lello e João dos Reis Pimentel, representantes de Belo Monte; Celso de Almeida Haddad, representando o MTE, Valter Cardeal, da Eletrobrás e Luiz Carlos Martins, da Camargo Corrêa S.A.