Unaids lança pesquisa inédita na CSSF

A Comissão de Seguridade Social e Família recebeu, a pedido do deputado Alexandre Padilha (PT-SP), o diretor Interino do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS no Brasil), Cleiton Euzébio de Lima. Ele apresentou o resultado de uma pesquisa inédita sobre o estigma e a discriminação de pessoas que vivem com HIV/Aids no país, realizada com diversas instituições como Pnud, PucRS e ONG Gestos.
01/03/2011 13h30

Liderança do PSD

Unaids lança pesquisa inédita na CSSF

Mais de 1.700 pessoas foram entrevistadas em sete capitais brasileiras. O questionário foi aplicado por e entre pessoas vivendo com HIV e Aids. “No Brasil ainda temos de 10 a 12 mil mortes, todos os anos, em decorrência do vírus. Na saúde existe o combate à doença, o atendimento via SUS e também programas de prevenção. Mas, no campo dos direitos humanos a pesquisa mostrou que temos muito a avançar.”

A maioria das pessoas que responderam à pesquisa é negra, a média de tempo com a doença é de dez anos, possui parceiros fixos, tem estudo e 30% informou que está fora do mercado de trabalho. “Dos ouvidos, 47% já tiveram oferta de trabalho negada por conta do HIV. O que prova a necessidade de uma política específica para inclusão dessa população no mercado de trabalho”, alertou Cleiton.

Foi investigado também como as pessoas ficam sabendo que estão doentes e para quem elas contam. “De cada dez afetados pelo vírus, quatro pais não contam aos seus filhos que são soropositivos para o HIV por causa do preconceito familiar e social.  “A pesquisa mostrou que cerca de 46% das pessoas com HIV sabem de familiares que fazem chacota por conta de sua sorologia”, contou Cleiton.

A pesquisa levantou ainda que 64% das pessoas soropositivas para o vírus já sofreram algum tipo de discriminação que afeta a autoestima delas. Cerca de 10% alegou que por isso não procura um atendimento médico. “Outro dado alarmante com impacto na saúde é que 75,5% das pessoas disseram que escondem o fato de serem portadores do vírus.”

A pesquisa mostrou que no atendimento à saúde também há discriminação. Mais de 6% dos entrevistados disseram que foram forçados a divulgar a sorologia positiva para o HIV publicamente ou tiveram a informação divulgada sem consentimento prévio.

Ainda no atendimento à saúde, 7% dos ouvidos informaram que nos últimos 12 meses profissionais fizeram comentários discriminatórios por conta da sorologia. “Mais de 48% dos pacientes tem certeza de que seus prontuários não são sigilosos. Isso é um problema principalmente em cidades pequenas.”

“Cerca de 27% dos transexuais e travestis já evitaram buscar serviços de saúde porque se preocuparam que alguém pudesse descobrir sua preferência sexual.” O estudo mostrou que dessa população, 90% já sofreu alguma forma de discriminação. “Das pessoas com HIV, 6% já foram agredidas fisicamente por serem soropositivas. Precisamos de políticas intersetoriais para mudar essa situação”, finalizou Cleiton.