Metade da população brasileira está acima do peso
Para discutir essa situação, a Comissão de Seguridade Social e Família promoveu, nesta quinta-feira (21), uma audiência pública com especialistas. O debate foi solicitado pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT-MG). A CSSF é presidida pelo deputado Antonio Brito (PTB-BA).
O estudo do Ministério da Saúde também revelou que o sobrepeso é maior entre os homens. 52,6% deles estão acima do peso ideal. Entre as mulheres, esse valor é de 44,7%. A pesquisa também diz que o excesso de peso nos homens começa na juventude: na idade de 18 a 24 anos, 29,4% já estão acima do peso; entre 25 e 34 anos são 55%; e entre 34 e 65 anos esse número sobe para 63%. Já entre as mulheres, 25,4% apresentam sobrepeso entre 18 e 24 anos; 39,9% entre 25 e 34 anos; e, entre 45 e 54 anos, o valor mais que dobra, se comparando com a juventude, passando para 55,9%.
Causas e alternativas
Para Eduardo Augusto Nilson, da Coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, destacou as políticas públicas de combate à obesidade. Ele afirmou que em todos os grupos populacionais se registra aumento de peso, desde as crianças e adolescentes aos adultos. Pra ele, a causa seria o padrão alimentar dos brasileiros, com o aumento no consumo de alimentos processados. Cerca de R$ 106 milhões são gastos, por ano, com tratamentos da obesidade mórbida, por exemplo.
Entre as ações do governo, acompanhamento e programas de merenda escolar saudável, o Programa Academia da Saúde que foi criado em 2011, e vem promovendo a implantação e implementação de polos nos municípios brasileiros. Os polos são espaços físicos dotados de equipamentos, estrutura e profissionais qualificados, com o objetivo de contribuir para a promoção da saúde e produção do cuidado e de modos de vida saudáveis da população. Além disso, são desenvolvidas linhas de cuidados específicas para diabéticos e hipertensos, por exemplo.
Daniel Ferreira, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, médico clínico, alertou que a obesidade aumenta em todo o mundo. No Brasil, os índices de massa corporal atingem 25% e, em alguns casos até 40%, é um problema que está ligado à renda familiar e forma de como as pessoas se alimentam. Os fatores podem ser genéticos, metabolismo, doenças da tireoide e até culturais. Ele também ressaltou que mais da metade da população não come frutas e verduras na alimentação diária. Outro ponto é a falta de exercícios físicos, já desde a infância.
O especialista afirmou que a perda gradual de peso, cerca de 3 quilos por mês, durante até 1 ano, seria o melhor tratamento. Os exercícios físicos têm papel fundamental, trazendo bom humor, melhores índices glicêmicos e de gordura no sangue.
Dados do Ministério da Saúde revelam também que 34,6% dos brasileiros comem em excesso carnes com gordura e mais da metade da população (56,9%) bebe leite integral regularmente, tornando esse fator um dos principais responsáveis do excesso de peso e da obesidade no Brasil. Além disso, 29,8% dos brasileiros consumem refrigerantes pelo menos cinco vezes por semana. Por outro lado, apenas 20,2% ingerem a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde de cinco ou mais porções por dia de frutas e hortaliças.
Obesidade infantil
Solange Castro, coordenadora substituta de Segurança Alimentar e Nutricional do FNDE - Ministério da Educação, alertou para o crescente aumento de crianças obesas, que já é considerado uma epidemia. Ela apresentou o Programa de Alimentação Escolar, como é feito o cardápio, com ênfase em frutas e verduras, produtos da agricultura familiar, com pouco açúcar e proibição de produtos industrializados. Alunos com necessidades específicas devem ter atendimento a partir do final do ano com a criação de protocolos voltados para este público.
Nos últimos anos, a abrangência do atendimento do PNAE aumentou de pouco mais de 33 milhões em 1995 para mais de 43 milhões de escolares em 2013. Com isso, aumentou o volume de recursos repassados pelo FNDE aos estados, municípios e Distrito Federal, chegando a 3,5 bilhões de reais no ano de 2013. Além do estabelecimento de critérios técnicos e operacionais.
Para Elisabeta Recine, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, destacou as características da alimentação adequada, como livre de transgênicos e com respeito à cultura regional, por exemplo. O Consea está presente em todos os municípios do país. Elisabeta também ressaltou que é preciso diminuir o preço dos alimentos saudáveis, regular a publicidade de alimentos e valorizar o patrimônio alimentar brasileiro.
Os números nas capitais
Segundo o Ministério da Saúde, Porto Alegre é a capital que possui a maior quantidade de pessoas com excesso de peso (55,4%), seguida por Fortaleza (53,7) e Maceió (53,1). Já na lista das capitais que possuem o menor índice de pessoas com sobrepeso estão São Luís (39,8%), Palmas (40,3%), Teresina (44,5%) e Aracaju (44,5%). São Paulo apresenta 47,9% de pessoas com excesso de peso. A proporção no Rio de Janeiro é de 49,6%, e no Distrito Federal é de 49,1%.
Já a capital com mais obesos é Macapá (21,4%), seguida por Porto Alegre (19,6%), Natal (18,5%) e Fortaleza (18,4%). As capitais com menor quantidade de obesos são: Palmas (12,5%), Teresina (12,8) e São Luís (12,9%).
Em São Paulo, a proporção de obesos é de 15,5%, no Rio de Janeiro é percentual é de 16,5% e no Distrito Federal os obesos representam 15% da população.
Assessoria CSSF
Fonte: Ministério da Saúde