Especialistas apontam acesso e falta de insumos como desafios para saúde do homem

8º Fórum de Políticas Públicas de Saúde do Homem foi o palco de discussões sobre a saúde do gênero masculino
18/11/2015 13h28

Luis Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Especialistas apontam acesso e falta de insumos como desafios para saúde do homem

Homens são internados quase duas vezes mais que mulheres e sofrem mais com neoplasias e doenças do aparelho circulatório. O motivo? Diversos. Entre eles, barreiras institucionais e sociais são desafios para o acesso do gênero masculino à Saúde no Brasil, de acordo com especialistas presentes no 8º Fórum de Políticas Públicas de Saúde do Homem realizado pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) nesta terça-feira (17). O evento foi promovido pelo deputado Dr. Jorge Silva (PROS-ES) e contribuiu para as atividades do Novembro Azul, movimento internacional de prevenção do câncer de próstata.

Para a Coordenadora da Área Técnica de Atenção à Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Angelita Elisabete, o homem deve ser um dos focos de estratégias de comunicação por não ser estimulado a procurar sozinho meios para manter a sua saúde. “O homem acessa o sistema do SUS [Sistema Único de Saúde] por meio da atenção especializada ou de urgência, o que leva a mais sofrimento”, comentou Angelita. A coordenadora elencou algumas dificuldades que conduzem a esse quadro. Entre elas, estão o pensamento machista que não relaciona o homem às necessidades de seus filhos, ou à noção de “invencibilidade” da ala masculina.

O representante da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Rômulo Maroccolo Filho, relatou divergências na comunidade médica em relação ao rastreamento do câncer de próstata, um dos tipos de neoplasia que mais afeta o gênero. Apesar dos esforços de garantir a campanha a favor dos testes preventivos para a população, o Instituto do Câncer (Inca) já anunciou em nota que não recomendava as ações por receio de falsos positivos. Para Rômulo, isso é um retrocesso. “Voltaríamos à mesma situação clínica que nos anos 80, antes do PSA [Antígeno Prostático Específico, teste para atestar o câncer]. Naquela época, 70% dos casos remediados já estavam avançados”, comentou. Para ele, a melhor solução para o impasse seria o screening oportunístico, método que prioriza grupos mais propensos à doença como afrodescendentes e pessoas com histórico familiar.

 

Falta do SUS

Tanto a presidente da Oncoguia, Luciana Holtz, como o Dr. Sandro José Martins, representante da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, comentaram sobre o tratamento do câncer de próstata. Eles mencionaram o desalinhamento de informações que podem confundir pacientes que acabaram de saber da doença, além da falta de componentes necessários no SUS. Segundo Martins, faltam ao sistema o acesso à radioterapia, os medicamentos e os insumos para a cirurgia. “É preciso pensar em respostas quanto aos cuidados, pois quando você cria expectativas e não dá continuidade ao que seria esperado, a iniquidade e a judicialização tomam conta”, avisou o médico.

Também palestraram o Dr. Luiz César Nazário Scalara, diretor de Relações Governamentais e Representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) sobre problemas cardíacos nos homens e a professora Dra Carmita Abdo, representante da Associação Brasileira de Psiquiatria, que mencionou casos psiquiátricos que atingem a ala masculina.