Brasil sofre deficiência em médicos para atenção básica, revelam gestores
Além de trazer estes dados, o diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges) do Ministério da Saúde (MS), Alexandre de Figueiredo, e o presidente da Comissão Nacional de Residência Médica (MS), Vinícius da Rocha, também apontaram um déficit no ingresso de médicos na atenção básica e em outras especialidades com grande demanda, como pediatria (32,1% de carência) e cardiologia (15%). As análises quantitativa e qualitativa no cenário da carreira médica brasileira foram apresentadas em audiência pública desta terça-feira (7), promovida pela Subcomissão Especial da Carreira Médica, da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
Apesar de ser ainda profundo o abismo entre a realidade e o ideal, o Brasil conseguiu aumentar em 28% a proporção de médicos por habitante em 10 anos – de 1,44 em 2002 para 1,84 em 2012 –, porcentagem maior que em países desenvolvidos. Médicos formados, contudo, reconhecem dificuldades em diagnosticar casos a partir de certos sintomas a exemplo da tristeza, febre, dores na articulação. Figueiredo considera evidente no Brasil a falta de uma formação teórica mais profunda na atenção básica. “A nossa formação de especialistas precisa ser revista. Deveria ser muito maior no nosso país. A nossa residência tem formado muito pouco médico para a medicina familiar”, comentou o diretor. A área é somente a 19ª no número de formados no país. Entre as metas estipuladas pelo gestor, estão a abertura de pelo menos 11,5 mil novas vagas até 2017, oferta de maior número de vagas em residências e ampliação na infraestrutura de saúde. Somente nos últimos quatro anos, um total de R$ 4,1 bilhões foi investido nos hospitais universitários.
Para Vinícius da Rocha, já foram colocadas em prática medidas para aumentar a cobertura de médicos no atendimento básico. A mudança nas diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação, de 2014, determina que o estudante de medicina dedique ao menos 30% da carga horária prevista no internato na área ou no Serviço de Urgência e Emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, é previsto no programa Mais Médicos o trabalho compulsório de dois anos no SUS como requisito necessário para médicos que entraram depois deste ano obterem diploma.
Outras metas definidas pelo Executivo federal são aumentar o índice de 1,8 médicos/ 1 mil habitantes para 2,7/1 mil habitantes até 2026, e aplicaçar de testes bianuais para a avaliação dos estudantes de medicina. A ideia da Subcomissão Especial da Carreira Médica é integrar os resultados da audiência àqueles desenvolvidos em debate com entidades médicas. Em breve, segundo o deputado Mandetta, uma nova audiência pública será realizada para discutir os pontos divergentes entre os grupos de médicos e representantes do governo federal.
Assessoria da CSSF