Trabalho escravo compromete imagem do país e a competitividade dos seus produtos

Brasília – Especialistas convidados para o Seminário “Trabalho Escravo Globalizado – Desafios Brasileiros”, promovido pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), afirmaram que o fenômeno compromete a imagem do país e impacta diretamente a competitividade dos seus produtos no mercado externo. “Trata-se de uma questão humanitária com impactos econômicos”, explicou o deputado Eduardo Barbosa, presidente da CREDN.
26/11/2014 17h59

Foto: Zeca Ribeiro (CD)

Trabalho escravo compromete imagem do país e a competitividade dos seus produtos

Evento reuniu especialistas em torno da temática do fenômeno que escraviza mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo

Realizado por requerimento do parlamentar, o evento reuniu integrantes do ministério Público do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do Sindicato Nacional dos Auditores do Trabalho, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT).

De acordo com os dados mais recentes, cerca de 22 milhões pessoas trabalham em condições análogas à escravidão no mundo e o trabalho escravo movimenta em torno de US$ 150 bilhões por ano com a exploração sexual, na indústria do vestuário, na agropecuária e nos trabalhos domésticos, entre outros.

Apenas no Brasil, cerca de 150 mil pessoas ainda vivem nestas condições. “A impunidade ainda é a grande aliada daqueles que exploram o trabalho escravo e grupos econômicos que se escondem por trás de testas-de-ferro, saem ilesos mesmo com as operações da Política Federal e do ministério do Trabalho”, lamentou Barbosa.

Para a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo, “todos perdem com o trabalho escravo. Os trabalhadores, suas famílias, o país. Apenas aqueles que vivem da sua exploração ganham”, afirmou.

Fabíola Nazaré de Oliveira, auditora-fiscal do Trabalho, revelou que de 1995 até 2014, foram realizadas cerca de 1,7 mil operações com quase quatro mil estabelecimentos inspecionados. “Mais de 47 mil trabalhadores foram resgatados e R$ 90 milhões pagos em indenizações”, destacou.

Por sua vez, o Diretor Superintendente da ABIT, Fernando Valente Pimentel, destacou os esforços feitos pelo setor privado para contribuir com a prevenção, o combate e a erradicação do trabalho escravo. Segundo ele, “não podemos demonizar as empresas. O problema existe, é grave, mas ainda se circunscreve a uma minoria“.

Já o ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère, lamentou que “nenhum escravagista esteja cumprindo pena no Brasil, apesar da quantidade de acusados por essa prática”. Na sua avaliação, a impunidade é a grande aliada de quem escraviza no Brasil. “Culpa, em parte, do Poder Judiciário, e em parte do poder econômico perverso”, destacou.

O padre Ari Antônio dos Reis enfatizou a importância do tema da Campanha da Fraternidade deste ano - Fraternidade e Tráfico Humano – que guarda relação direta com o tema. “Já realizamos uma mesa de diálogo com os bispos sobre o trabalho escravo no Brasil, voltado para a capilaridade das mais de 270 dioceses e dez mil paróquias espalhadas pelo país. O nosso foco está na conscientização para que haja prevenção e combate”, explicou.

 

 

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