Relação do Brasil com o mundo depende de mudança na política ambiental, afirma Aécio Neves
"Ou o Brasil muda sua postura em relação à questão ambiental, e hoje muito especificamente a questão da Amazônia, ou todos os esforços que vinham sendo feitos ao longo dos anos serão absolutamente inócuos na atração de investimentos e na ampliação do nosso comércio”, disse o deputado Aécio Neves, presidente da CREDN, na abertura de debate realizado nesta quinta-feira, 15, para a discussão das agendas globais do Clima e da Defesa.
O fórum foi promovido pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) e reuniu o Embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann e o general Sérgio Westphalen Etchegoyen, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência no Governo Michel Temer.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa da Câmara dos Deputados, Aécio tratou da importância da agenda ambiental no relacionamento comercial do Brasil com o mundo e falou, em especial, da ratificação do Acordo de Associação Comercial do MERCOSUL com a União Europeia. O deputado pontuou que o relacionamento com o bloco europeu representa a principal perspectiva comercial para o Brasil recuperar sua economia e gerar empregos pós-pandemia.
“O Acordo MERCOSUL - União Europeia poderá produzir para o Brasil algo em torno de US$ 9 bilhões de incremento do nosso PIB nos próximos 15 anos, podendo atingir a cifra de US$ 125 bilhões. O aumento de investimentos poderia chegar nesse período a US$ 120 bilhões. E as nossas exportações para a União Europeia, até o ano de 2035, poderia ter ganhos de mais de US$ 100 bilhões. Não há outra perspectiva de médio prazo tão consistente do ponto de vista da retomada do crescimento, e sobretudo dos empregos, no Brasil pós pandemia”, destacou.
E acrescentou sobre o valor da abertura de fronteiras, em especial para o agronegócio. “Viveremos períodos muito duros nos próximos anos, pelas consequências dessa avassaladora pandemia, e esses caminhos que permitem a abertura de novas fronteiras, que permitem incremento da nossa economia onde somos produtivos, onde temos know how, como o agronegócio, não podem ser desprezados”.
Agenda ambiental
No debate, Aécio relembrou a Conferência RIO-92 como marco do início do debate mundial sobre sustentabilidade e das conferências ambientais que se sucederam e aprofundaram a discussão sobre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. As duas principais reuniões multilaterais internacionais marcadas para este ano – a COP do Clima e a COP da Biodiversidade.
Ele reiterou que não há como o Brasil buscar desenvolvimento no mundo atual sem priorizar a agenda ambiental.
“Não há mais como se discutir desenvolvimento e a integração do Brasil com outras regiões do mundo sem colocarmos de forma absolutamente prioritária a pauta de discussões de uma nova postura do Brasil na questão ambiental. Seja com a sua adesão à OCDE, seja na consolidação de acordos bilaterais de livre comércio que estão em curso, não apenas com a União Europeia ou Canadá, sem tratarmos esta questão ambiental de forma diferenciada”, definiu.
E voltou a defender que, assim como na área ambiental, é preciso uma mudança radical de rota nas diretrizes da política externa.
“Há compreensão do novo embaixador (Carlos França) da importância dessa mudança. O Brasil tem longa tradição de política externa equilibrada, sem alinhamentos automáticos a quem quer que seja. Sem preconceitos de qualquer ordem ideológica e de absoluto pragmatismo na defesa dos interesses nacionais”, disse.
Aécio lembrou, ainda, que para a transição dos países em desenvolvimento é preciso que os países ricos também cumpram os compromissos assumidos.
“É necessário que os parceiros internacionais também façam sua parte. A retomada da economia verde pós pandemia, do avanço da agenda do clima, demanda o cumprimento de compromissos assumidos pelos países desenvolvidos. Há o compromisso de transferência de US$ 100 bilhões desses países aos países em desenvolvimento para ações de mitigação dos problemas de emissão de CO², o que ainda não foi cumprido. Sem investimentos estruturantes para garantir renda, a permanência das populações na Amazônia nessas regiões, atividades de degradação ambiental continuarão a proliferando. É preciso que haja solidariedade maior e a dívida dos países desenvolvidos com os países em desenvolvimento precisa ser sanada”, concluiu.
Assessoria de Comunicação e Imprensa – CREDN