Deputados discutem recuperação do Programa Antártico Brasileiro

O fortalecimento do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) foi tema, nesta quarta-feira, de audiência pública conjunta entre a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Deputados discutiram a importância do programa e as medidas a serem adotadas para a recuperação da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída parcialmente após incêndio, em fevereiro deste ano.
11/04/2012 19h15

Foto: Leonardo Prado/ Agência Câmara

Deputados discutem recuperação do Programa Antártico Brasileiro

Segundo informações da Comissão Interministerial para Recursos do Mar, o acidente destruiu e prejudicou a continuação de 40% das pesquisas científicas realizadas na Antártica e somente 30% das instalações ficaram em condições de operar. “O incêndio foi um triste acidente que acabou com 70% das instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz. Isso prejudica o andamento das pesquisas científicas”, informou.

Durante o encontro, o contra-almirante Marcos Ferreira, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, esclareceu, em parte, as circunstâncias do acidente e ressaltou que as investigações ainda não foram concluídas. Segundo ele, o fogo começou no setor de máquina, conhecido como compartimento a diesel. Marcos Ferreira destacou, ainda, que o acidente motivará a construção de uma plataforma mais moderna, utilizando equipamentos mais adequados para a exploração e investigação da região.

A coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), Yocie Yoneshigue Valentin, ressaltou a importância dos trabalhos científicos desenvolvidos na Antártica. Segundo ela, as pesquisas ajudam diretamente à sociedade ao colaborar para o desenvolvimento de estudos sobre possíveis impactos das mudanças globais na Antártica, para o aprimoramento das previsões climáticas e para o conhecimento sobre a diversidade biológica. “A investigação pode ajudar na integração das investigações geofísicas, geológicas e biológicas sobre o Oceano Austral e o monitoramento da camada de ozônio”, explicou Yocie Valentin.

O debate foi proposto pelas deputadas do PCdoB, Jô Moraes (MG), Luciana Santos (PE) e Perpétua Almeida (AC).  Segundo a deputada Perpétua Almeida, presidenta da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, o Brasil investe pouco em pesquisa científica. “Eu fui à base brasileira na Antártica e sei da importância das pesquisas desenvolvidas”, ressaltou.

Já a deputada Jô Moraes destacou a importância do Brasil no cenário mundial e a necessidade de relocação de recursos. “Somos a sexta potência econômica mundial e deveríamos assumir nossas responsabilidades e garantir a imediata reestruturação da base cientifica na Antártica”, defendeu a deputada Jô Moraes.

Recursos

Durante o evento, deputados e convidados integrantes do Programa Antártico Brasileiro discutiram a importância da liberação de recursos para a pesquisa cientifica e a reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída pelo incêndio. O diretor do Centro Polar e Climático e membro da Academia Brasileira de Ciências, professor Jefferson Cardia Simões, participou do debate esclarecendo quais projetos precisam, com urgência, de recursos do governo federal.

De acordo com informações do professor, o programa vai requerer R$ 5 milhões para a compra de equipamentos destruídos em Ferraz, arrendamento de um terceiro navio, liberação imediata de recursos empenhados pelo CNPq (1 milhão) e estruturação de laboratórios (construção e reformas) no Brasil. “Necessitamos que o governo faça uma relocação de recursos especificamente para as ações científicas. Estamos sempre dependendo de emendas parlamentares, de ações de fundos setoriais e mesmo, circunstancialmente, de ações políticas”, reclamou.


Vanessa Marques, Assessoria de Comunicação da CREDN