Debatedores cobram mais ambição do Brasil para a COP-26
A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, realizou audiência pública nesta segunda-feira, 21, para discutir as propostas que o Brasil levará à próxima Conferência do Clima (COP-26), a ser realizada em novembro, em Glasgow, na Escócia. O evento foi pedido pelo deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP). Uma política ambiental mais ambiciosa foi a tônica do debate. Também houve cobrança para que o governo retome a coordenação da posição do país na COP-26, com o Congresso e a sociedade civil.
Além de cobrar propostas mais contundentes em defesa do clima, Caroline Dihl Prolo, representante da Stocche Forbes/LACLIMA, afirmou que o Brasil precisa despertar para uma nova economia descarbonizada. “Ainda que não exista imposição legal, as empresas brasileiras têm adotado políticas de redução de emissão de gás de efeito estufa e o Brasil deveria aproveitar para investir em políticas de baixo carbono e energias renováveis”, defendeu.
Já a representante da Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Marina Grossi, destacou que esta é a década mais importante para a humanidade e, 2021, o principal ano para a discussão sobre as mudanças climáticas. Segundo ela, “o setor privado vê a COP-26 como uma grande oportunidade para o Brasil, inclusive para a recuperação econômica do país pós-pandemia. Economia de baixo carbono é sinônimo de desenvolvimento. Não é uma agenda de partido ou de governo, mas uma agenda de Estado”, afirmou.
Suely Araújo, do Observatório do Clima, foi mais uma que cobrou a revisão urgente da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, considerada pouco ambiciosa. Na sua avaliação, “há espaço para mais por parte do Brasil. Precisamos, também, frear o desmatamento, isso ajudaria muito. E o Brasil precisa adotar compromissos paralelos de manutenção do limite para o desmatamento da Amazônia, política que deve vir acompanhada de projetos de recuperação ambiental e de metas para zerar subsídios para combustíveis fósseis, por exemplo”, explicou
Marcelo Rocha, da Fridays for Future Brasil, destacou a participação dos jovens no processo de educação climática. “O Brasil tem que despertar para a democratização das políticas ambientais, pois os que mais sofrem com as mudanças climáticas são os povos originários e os mais pobres que residem nas periferias”, assinalou. Além disso, ele chamou a atenção para que as políticas públicas voltadas ao meio ambiente sejam construídas de forma conjunta entre governo, Congresso e sociedade.
Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, explicou que o aumento de 2 graus na temperatura do planeta implica em 4 meses a mais de seca, dobra os riscos de inundações, e deixa mais de 50% da população exposta a calor letal por mais de 20 dias por ano. Em defesa das política de baixo carbono, explicou que, “até 2015, não havia praticamente nenhum setor industrial descarbonizado. Hoje, a descarbonização está presente em todos os setores e isso impacta, também, nos investimentos. O mundo espera do Brasil credibilidade no controle do desmatamento e uma NDC ambiciosa”, observou.
Para o Conselheiro André Dunham Maciel, chefe da Divisão de Meio Ambiente II do Ministério das Relações Exteriores, o formato virtual, que será usado na COP-26, dificulta a participação dos países em desenvolvimento e da sociedade. “Mas o Brasil tem participado de todas as reuniões preparatórias e de todos os grupos de trabalho da COP-26. O país está engajado nos esforços para que essa COP seja exitosa”, esclareceu.
O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), que copresidiu a audiência pública, lamentou a ausência de diálogo por parte do governo com a sociedade civil e as entidades que atuam em relação à emergência climática. “O Brasil decidiu ser um grande player agrícola, mas a agricultura também é ameaçada pelas mudanças climáticas”, advertiu.
Assessoria de Comunicação e Imprensa – CREDN