CREDN debate os principais aspectos das relações Brasil–União Europeia

Os principais aspectos das relações entre o Brasil e a União Europeia foram debatidos nesta terça-feira, 20, no III Ciclo de Debates “Diálogos Brasil no Mundo”, promovido pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN).
20/11/2012 17h29

Para a presidente da CREDN, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), “o Mercosul vem mantendo, nesses últimos anos, uma agenda particularmente intensa de contatos e negociações comerciais com a União Europeia, e o Parlamento deve participar e acompanhar a evolução dessas relações e desses acordos”.

Na avaliação da futura embaixadora do Brasil em Bruxelas, Vera Machado, atual Subsecretária-Geral Política I do ministério das Relações Exteriores, a crise econômica enfrentada pela União Europeia se apresenta como uma grande oportunidade para o Brasil.

O professor Carlos Eduardo Vidigal, professor de História da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em Relações Internacionais, concorda com este cenário, no entanto, na sua avaliação, o Brasil não tem acumulado elementos de poder para influir no cenário internacional.

“As relações do Brasil com a Europa são uma parceria segura, inclusive pelos investimentos europeus feitos no país, principalmente os mais recentes em setores de alta tecnologia”, explicou.

Por outro lado, afirmou que o Brasil precisa relacionar o seu protagonismo internacional com a situação socioeconômica interna que é bastante precária.

Ana Paula Zacarias, Chefe da Delegação da União Europeia no Brasil, afirmou que apesar da crise, a UE é o projeto de integração mais exitoso da história. “Saímos das cinzas da Segunda Guerra Mundial para uma integração de 27 países com políticas ambiciosas na educação, meio ambiente e segurança. Trata-se de um projeto de integração em construção”, explicou.

Ela fez questão de ressaltar que a atual crise não começou na Europa, mas veio dos Estados Unidos, passou pela Ásia e a América Latina. “Se não existisse a União Europeia como tal, provavelmente a situação da Europa seria muito mais difícil. Precisamos de mais Europa, de mais unidade e mais integração, o que significa mais democracia”, afirmou.
Representante da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, Felix Dane afirmou que a crise na União Europeia será superada com mais integração. “Brasil e União Europeia são parceiros naturais e a tendência é que esta integração seja ainda mais fortalecida”.

Mercosul

Além do Termo de Parceria Estratégica, firmado entre as duas partes, o evento também discutiu as relações birregionais Mercosul - União Europeia.

Ana Paula Zacarias também ressaltou que a crise não afetou as relações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul. “Estamos convencidos que o comércio e o investimento podem ainda multiplicar-se. Temos muito a ganhar”, destacou.

Ela afirmou que a próxima cúpula União Europeia – Mercosul a realizar-se em janeiro de 2013, em Santiago do Chile, será a oportunidade para fortalecer o diálogo estratégico entre os dois blocos. “Dentre os integrantes dos BRICs é com o Brasil que a União Europeia tem mais em comum. A UE tem dez parceiros estratégicos e o Brasil é um deles. O Brasil detém mais de 40% dos investimentos da União Europeia na América Latina. Uma Europa forte é o melhor para o Brasil”, explicou.

Na avaliação de Felix Dane, o Mercosul é o bloco mais importante para a União Europeia. No entanto, criticou o protecionismo argentino. “É um absurdo que uma montadora de carros tenha de importar vinho para poder vender carros”, explicou.