CREDN debate impactos do futuro acordo Mercosul – União Europeia
Acordo de Livre Comércio entre os dois blocos dividiu opiniões e representantes dos trabalhadores cobram transparência nas negociações.
Representantes dos trabalhadores e da indústria reclamaram da falta de transparência nas negociações em curso. O evento foi proposto pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR). Segundo ele, “as eleições europeias não vão interferir neste processo. Com a crise que atravessam, os europeus necessitam deste acordo mais que nós”. Ele anunciou a criação de uma Subcomissão Especial para acompanhar as negociações entre os dois blocos no âmbito da CREDN.
O debate contou ainda com a participação do ministro Ronaldo Costa, diretor do Departamento de Negociações Internacionais, do ministério das Relações Exteriores; Alexandre Bento, da Secretaria de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Jocelio Henrique Drummond, da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (REBRIP); e Carlos Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o representante do Itamaraty, trata-se de um processo antigo em que ambos os lados sempre se consideraram pouco atendidos. Já Carlos Abijaodi, da CNI, advertiu para o déficit comercial brasileiro foi aprofundado em dez vezes nos últimos seis anos.
Para Alexandre Bento, da CUT, “falar em acordo de livre comércio não cheira bem. Geralmente, o que vem pela frente são perdas de direitos e a saída não são os tratados de livre comércio”. Ele reclamou também da ausência de estudos técnicos sobre os impactos do acordo na indústria, no comércio e na área de serviços.
Já o representante da REBRIP, Jocelio Drummond, afirmou que o acordo em negociação é muito mais agressivo que aqueles que fracassaram no passado. “Tratado de Livre Comércio é padrão e a união Europeia não fará concessões ao Brasil e ao Mercosul, pois teria de fazê-los também aos outros blocos e países com os quais já os possui”, explicou.
Ele observou ainda que questões como subsídios agrícolas não estão na mesa de negociações e alertou para o perigo real da desindustrialização do Brasil. Na sua opinião, o assunto deveria ser tema de um plebiscito após a conclusão das negociações entre os dois blocos.
Marcelo Rech
Assessoria de Comunicação