CRE discute Brexit e fim de ciclo na geopolítica internacional
Na avaliação dos conferencistas, fenômenos como a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia, processo conhecido como Brexit, sinalizam o “fim de um ciclo” na geopolítica internacional e a inauguração de uma nova ordem. No entanto, os especialistas convidados foram taxativos ao afirmarem que ainda não é possível prever que tipo de configuração geopolítica emergirá desses novos fatos.
Por outro lado, apontaram ser possível observar que a balança de poder hegemônica nas últimas décadas está em xeque. Na avaliação do ex-ministro das Relações Exteriores e ex-ministro da Defesa, Celso Amorim, “projetos de integração são instrumentos econômicos, mas são predominantemente políticos. São projetos de afastamento da possibilidade de conflito. Vamos ter que analisar, para além das perdas comerciais, até que ponto a saída do Reino Unido representa ou não o enfraquecimento de uma estrutura de paz mundial”, explicou.
Além disso, Amorim também chamou a atenção para as medidas adotadas pelo governo Trump, que sugerem uma desestabilização da atual ordem mundial, que pode beneficiar o Brasil e impelir os países sul-americanos a se unirem.
Já o professor Klaus Dalgaard, docente de Política Internacional na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entende o Brexit como um movimento que deve ser considerado “à parte”, uma vez que o Reino Unido sempre teve uma postura isolacionista perante o resto da Europa.
Segundo ele, “a melhor solução possível para o Reino Unido é um acordo interino com a UE, pelo qual o país participaria do mercado comum sem representação nas decisões supranacionais, enquanto se ganha tempo para negociar um acordo mais detalhado que não seja tão nocivo quanto a saída total”, defendeu.
Enquanto isso, o professor Guilherme Sandoval Góes, coordenador da pós-graduação em Direito Público da Universidade Estácio de Sá, disse que o quadro geopolítico global firmado após o fim da Guerra Fria está em “desconstrução”, e o principal resultado disso pode ser a dissolução dos polos de poder que se observavam nas últimas três décadas.
“O debate confirma que o mundo passa por um momento complexo e que cobrará ajustes no curto e médio prazos. O Brasil, por usa vez, deve manter a postura de um ator que contribui para o integracionismo e para o fortacelimento do multilateralismo”, avaliou Bruna Furlan.
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