Comissão articula ação para proteger empresas brasileiras nos EUA

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB/AC), que preside a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, pretende articular com lideranças na Câmara e Senado uma ação do Congresso na tentativa de negociar a não votação no Senado dos Estados Unidos de uma nova legislação, que vai proibir os governos locais americanos de fazer contratos com empresas estrangeiras que tenham negócios em alguns países como Cuba, por exemplo. O anúncio foi feito durante reunião, nesta terça-feira, com representantes de empresas brasileiras que atuam no mercado americano. “Essa medida, caso seja aprovada, segue o caminho inverso da globalização já que vai impedir o crescimento econômico e o fortalecimento das relações comerciais entre os países. Essa é a hora do Parlamento se posicionar sobre um tema tão relevante para a economia brasileira”, argumentou a parlamentar.
14/08/2012 16h15

A emenda constitucional, já aprovada pela Câmara, de autoria do republicano Carl Levin, está em debate no Senado e deve ser votada após as eleições nos Estados Unidos. Caso seja aprovada a emenda, o Congresso americano vai abrir novo capítulo nas relações comerciais entre os países.

Perpétua Almeida disse, ainda, que irá conversar com o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, senador Fernando Collor (PTB-AL), para articular a elaboração de uma carta conjunta entre as duas Comissões demonstrando preocupação com a votação da legislação e esclarecendo as consequências para as relações comerciais entre Brasil e EUA.

Nos Estados Unidos, o primeiro a levantar a polêmica foi o governador da Flórida, Rick Scott, que editou lei proibindo os governos locais de fazer contratos com empresas que mantenham negócios com Cuba, por exemplo. Questionada sobre a constitucionalidade, a Lei está sendo revisada no Congresso Nacional. A decisão, adotada de forma preliminar no estado da Flórida, pode prejudicar diretamente empresas brasileiras que atuam em território americano.

Na avaliação das empresas brasileiras que atuam em diversos setores, a medida pode impedir os investimentos estrangeiros no território americano e limitar o intercâmbio tecnológico e parcerias estratégicas entre os dois países. O grupo Odebrecht, que atua no setor de Defesa americana, tem contratos nos Estados Unidos e em Cuba e pode ser uma das empresas brasileiras prejudicas com a nova legislação.  “Essa nova legislação é despropositada porque restringe a capacidade do Departamento de Defesa Americano de escolher seus parceiros e pode causar impostos aos americanos já que restringe de forma direta a concorrência”, explicou o Diretor de relações internacionais da Odebrecht, João Carlos Nogueira.

Na avaliação da deputada Perpétua Almeida, o intento do governo americano de limitar ações de empresas estrangeiras está em discordância com as intenções declaradas de integração e estreitamento das relações comerciais entre americanos e brasileiros. Na contramão da nova legislação, a Força Aérea americana estuda a compra de caças e aviões militares do Brasil, por meio da Embraer, com transferência de tecnologia.

“Num momento em que o mundo avança para pôr fim às limitações no setor de comércio exterior, os americanos anunciam essa decisão de punir, limitar empresas que mantenham negócios com países como Cuba. Hoje, o mundo está preocupado com a paz e a solidariedade entre as nações. Portanto, Cuba não merece essa postura americana e as empresas brasileiras não podem ser boicotadas, perseguidas ou ter restrições na sua atuação num país que se propõe vender caças ao Brasil com transferência de tecnologia”.

 

Assessoria de Imprensa - CREDN