Guerra no Oriente Médio e tensões na fronteira norte do Brasil foram temas da reunião com a presença do Chanceler

Em exposição na CREDN, o ministro das Relações Exteriores defendeu a postura brasileira em relação aos conflitos no Leste Europeu e Oriente Médio, e as tensões regionais envolvendo Venezuela e Guiana. Mauro Vieira garantiu, ainda, que o Brasil não dialoga com o Hamas
13/12/2023 16h55

Alexssandro Loyola

Guerra no Oriente Médio e tensões na fronteira norte do Brasil foram temas da reunião com a presença do Chanceler

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, cobrou reformas urgentes no sistema de governança global, encabeçado pelas Nações Unidas. Em audiência pública, nesta quarta-feira, 13, na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), o chanceler afirmou que “se a governança global fosse diferente, não estaríamos vivenciando essa guerra em Gaza”.

Segundo ele, “não é possível que o Conselho de Segurança tenha a mesma configuração de quando a ONU foi criada. Dez países eleitos a cada dois anos e mais cinco membros permanentes, não podem decidir sozinhos pela estabilidade internacional”, disse.

Mauro Vieira também criticou a Organização Mundial do Comércio (OMC), por sua letargia. “A OMC perdeu o seu caráter principal que era dirimir as disputas comerciais entre os países. Há uma paralisia total e a OMC virou quase que um cartório de acordos internacionais”, explicou.

Oriente Médio

Em sua apresentação, Mauro Vieira detalhou os contatos realizados pelo MRE, com diferentes atores no Oriente Médio, para que uma pausa humanitária fosse alcançada. Também destacou o trabalho realizado em prol dos brasileiros e suas famílias, residentes em Israel e na Palestina, que foram repatriados em 11 voos da Força Aérea Brasileira (FAB).

“O Brasil não teve nenhuma dificuldade em classificar as ações do Hamas como terrorista. E o Brasil não tem relações com o Hamas e não negociou com o Hamas, jamais. O Hamas é uma organização política que tem um braço militar que domina a Faixa de Gaza”, sublinhou

De acordo com o ministro, a interlocução para a liberação dos brasileiros de Gaza se deu com o Qatar, que mantém contatos com todos os atores envolvidos no conflito. Além disso, ainda segundo Mauro Vieira, a diplomacia brasileira conversou com autoridades da Jordânia e do Irã, países que também têm acesso ao Hamas.

Argentina

O ministro das Relações Exteriores falou, também, sobre as relações do Brasil com a Argentina. No último domingo, 10, Mauro Vieira representou o governo brasileiro na posse do presidente Javier Milei. “Eu tenho certeza, os dois lados sabem que essas relações são imprescindíveis. O presidente Milei foi muito receptivo e deseja fortalecer as relações bilaterais, em todas as áreas”, revelou.

Sobre o acordo MERCOSUL-UE, o chanceler mostrou-se otimista. “O acordo está muito avançado e está perto de ser concluído, inclusive resguardando a posição brasileira sobre compras governamentais e certificação sanitária. Vamos negociar até a primeira quinzena de fevereiro, antes das eleições parlamentares europeias. Há oposição de países protecionistas, mas eles não podem bloquear as negociações”, explicou.

Em relação às tensões na fronteira norte, entre Venezuela e Guiana, Mauro Vieira assegurou que o Brasil tem trabalhado para distensionar o ambiente e considerou a reunião de 5ª feira, 14, entre os presidentes dos dois países, proposta pelo Brasil, como fundamental para a normalização da situação.

Assessoria de Imprensa - CREDN