Câmara celebra os 60 anos do Tratado de Roma e a Parceria Estratégica Brasil - UE
“A União Europeia é um dos maiores símbolos de que o mundo dispõe para celebrar a paz e os avanços que a convivência harmoniosa geram em prol da humanidade. Não por acaso, foi agraciada, em 2012, com o Nobel da Paz”, afirmou o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), presidente do Grupo Parlamentar Brasil – União Europeia, na sessão solene da Câmara dos Deputados realizada nesta quarta-feira, dia 21, em homenagem aos 60 anos do Tratado de Roma que deu origem à União Europeia e os 10 anos da Parceria Estratégica Brasil – UE.
Segundo ele, esse modelo bem-sucedido de convívio entre nações não está, contudo, imune aos levantes nacionalistas e ao surgimento de forças que tentam se sobrepor ao enunciado da integração e da concórdia. Provavelmente, serão esses alguns dos maiores desafios a serem enfrentados pelo bloco europeu num futuro próximo”, advertiu.
O deputado lembrou, ainda, que em 2014 mais de um terço do comércio entre a União Europeia e a América Latina teve como endereço o Brasil. “Recebemos mais da metade dos investimentos europeus na região. O Brasil é o maior exportador de produtos agrícolas para a União Europeia. E o bloco é, em termos globais, nosso maior parceiro comercial, com quem transacionamos cerca de 20% de tudo o que compramos e vendemos anualmente”, destacou.
Para o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), a realização da sessão solene “oferece inequívoca demonstração de que a Câmara dos Deputados se encontra plenamente afinada com o conceito de parceria entre as nações para o pleno desenvolvimento de toda a comunidade internacional. Embora os países difiram em níveis de riqueza e prosperidade, o intercâmbio de experiências, tecnologia e recursos sempre desaguará, temos certeza, no progresso, material e cultural, de todos os participantes”, afirmou.
Nos dias atuais, em que as fronteiras geográficas se fazem praticamente invisíveis em razão de o mundo digital situar indivíduos do Oriente e do Ocidente no mesmo “espaço”, é bastante frutífero que se promova a integração de pessoas, grupos, sociedades e países.
Bueno recordou que desde a assinatura da Parceria Estratégia Brasil - União Europeia em 2007, “dois Planos de Ação Conjunta entraram em vigor, e um terceiro, já preparado, aguarda deliberação; e 33 diálogos setoriais foram pactuados, contemplando diversos temas e áreas de atuação, como educação, direitos humanos, nível de pobreza, meio ambiente, saúde pública, geração de energia, estabilidade política e econômica”, explicou.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), Bruna Furlan afirmou que “Europa e Brasil sempre estiveram juntos. Algumas de nossas mais marcantes características étnicas resultam dos movimentos imigratórios vindos do Velho Mundo, que fizeram aportar a estas terras brasileiras – e aqui permaneceram –, além de portugueses, também espanhóis, gregos, alemães, poloneses, italianos, entre outros”.
Na sua avaliação, a Parceria Estratégica com a União Europeia constitui um movimento desafiador. “Necessário, contudo. Desafiador e necessário quero crer, também para a Europa”, disse.
“A boa parceria é aquela que procura entender o outro e oferecer a sua contribuição. Do lado brasileiro, há um apelo para a diminuição da pobreza e desigualdades sociais, o incremento das relações comerciais com o MERCOSUL, a solução da crise venezuelana, assim como a estabilidade política e a prosperidade econômica na América Latina. Europa e Brasil continuam sendo dois mundos, duas realidades, em momentos diversos, nos respectivos ciclos históricos. Séculos de civilização nos distanciam, no tempo; muitos quilômetros nos distanciam no espaço de um Oceano, no entanto, o que separa, pode unir”, concluiu.
O Embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, destacou que a cooperação entre o bloco e o Brasil não se restringe ao comércio e aos investimentos. Segundo ele, “temos mais que 20 diálogos abertos com o Brasil tratando vários assuntos importantes. Temos uma cooperação muito estreita em termos de ciência e tecnologia e nas políticas de informática e comunicações que se traduziu num investimento de mais de 50 milhões de Euros para projetos comuns dos nossos pesquisadores e das nossas empresas em domínios de vanguarda como a Internet das Coisas e o 5G”, explicou.
“Ambos somos também profundamente multilateralistas, queremos reforçar a ONU e outras organizações multilaterais, e acreditamos que nossos povos e as gerações futuras merecem todo o nosso compromisso para tornar o mundo um lugar melhor para se viver. Mudanças climáticas, direitos humanos, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são desafios internacionais de grande escala e podem por vezes ser desconcertantes e desanimadores. Mas sabemos que a amizade entre a União Europeia e o Brasil fornecem-nos uma âncora que valorizamos, e que reforçaremos ainda mais nestes tempos conturbados que vivemos”, concluiu ao discursar na Câmara dos Deputados.
Jornalista responsável: Marcelo Rech
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