Brasil deve fortalecer relações comerciais com a China, afirmam especialistas
Agência Senado
Ciclo de debates reuniu especialistas em China que analisaram o papel do Brasil e suas relações com o gigante asiático
Brasília – O Brasil deve fortalecer as suas relações comerciais com a China, afirmaram nesta segunda-feira, 5, o professor Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ex-embaixador do Brasil em Pequim, Luís Augusto Castro Neves, e o professor Henrique Altemani de Oliveira, da Universidade Estadual da Paraíba (UFPB). Os três participaram do 6º Painel do Ciclo de Debates "O Brasil e a Ordem Internacional: Estender Pontes ou Erguer Barreiras?", promovido pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado Federal.
Na oportunidade, foram debatidas questões como “A China e a Nova Globalização”; “O avanço chinês na economia e na política internacionais”; “Atuação no Mar do Sul da China e as relações com Taiwan”; “As implicações da nova política econômica chinesa de privilegiar o mercado interno”; “Investimentos em países em desenvolvimento”; e “Relações comerciais com o Brasil”.
Na avaliação geral dos palestrantes, a China está se consolidando como principal parceiro comercial da maioria dos países e o grande desafio para o Brasil será gerenciar essa dependência crescente. Já o ex-embaixador do Brasil naquele país, Luís Augusto Castro Neves, e o professor Henrique Altemani de Oliveira, destacaram que a China está apenas reocupando um espaço econômico e comercial que sempre teve no mundo.
Oliver Stuenkel disse ainda que a economia doméstica brasileira é totalmente afetada pela economia chinesa e que o Brasil cresceu muito com o BRICS, sendo que a crise atual pode ser explicada em parte pela transformação da indústria chinesa com redução dessa demanda. Ele destacou também obras como a ferrovia Transoceânica que ligará o Brasil ao Pacífico, em cooperação com a China, assinado em 2015, e apontou os elevados investimentos chineses na Venezuela e no Uruguai.
Por outro lado, chamou a atenção para o fato de não existir uma estratégia regional em como lidar com a influência crescente da China. Segundo ele, “existe uma competição, em alguns casos, entre países da América do Sul para atrair o investimento chinês e seria muito vantajoso institucionalizar uma discussão entre as capitais da região”.
O presidente da CRE, senador Fernando Collor (PTC-AL), mencionou também a recente saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. “É um prenúncio que beira à catástrofe, mas que abre um espaço muito importante para a China, porque deixa um vazio na liderança do combate ao aquecimento global. A China vem se esforçando ao longo das últimas décadas no sentido de reduzir as suas emissões, mas necessitamos que ela faça mais”, afirmou.
Para o professor Henrique Altemani de Oliveira, os Estados Unidos têm uma relação de dependência em relação à China, por isso apenas tentariam evitar ser superados, mas sem afetar a economia e a política internacionais. Já a China, dependeria da ordem liderada pelos Estados Unidos para a estabilidade mundial, evitando conflitos, mas participando cada vez mais das regras internacionais para seguir crescendo.
Entre os desafios que a China enfrenta foram apontados o excesso de capacidade produtiva, a tensão na negociação e exploração de espaços no Mar do Sul, a questão das Coreias e de Taiwan. “Cada vez que os Estados Unidos vende armas a Taiwan ou cada vez que o Dalai Lama tem um convite dos americanos, as críticas chinesas sobem. E acho que a grande novidade hoje é a tentativa de aplicação de sanções em relação a essas movimentações. Mas a ideia é que a China tem exatamente o interesse de ampliar seu papel dentro da região asiática”, concluiu Altemani.
Presidente da CREDN, a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP) que esteve na China em 2016, destacou a organização e a disciplina dos chineses em relação à agenda de prioridades por eles definida. Ela também destacou o papel da China junto aos países da América Latina e do Caribe, para os quais criou um fundo de US$ 250 bilhões a serem aplicados em uma década.
Jornalista responsável: Marcelo Rech
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