Almoço na Confederação Nacional da Indústria (CNI) com empresários americanos
É bastante significativo estarmos, hoje, aqui reunidos. É um momento sinérgico entre o Congresso Nacional, a indústria brasileira, o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos e empresas de defesa daquele país irmão.
Há interesses comuns que nos unem.
Pelo lado brasileiro, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal representam a expressão política, na esfera legislativa, enquanto a Indústria Nacional, indubitavelmente, desdobra-se na expressão econômica, porque representa um quarto da economia nacional, e, por que não dizer, também na expressão científico-tecnológica, não só pelo estimulo à pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico, como também por incorporar ao processo produtivo frutos da ciência, da tecnologia e da inovação, além de representar um terço dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento do país, e psicossocial, ao gerar emprego para milhões de brasileiros, empregando um quarto dos trabalhadores com carteira assinada do País.
Portanto, Congresso Nacional e Confederação Nacional da Indústria têm, como amálgama, os grandes temas de interesse nacional, inclusive no campo da Defesa, que extrapola os limites da caserna e diz respeito a todos os brasileiros.
No campo externo, o Brasil e os Estados Unidos vêm uma longa tradição que os une no campo militar.
Há pouco, dissemos que há interesses comuns que nos unem. Na verdade, muito mais do que isso, há laços fraternos solidificados durante a Segunda Guerra Mundial pelo sangue, suor e lágrimas derramados por soldados, marinheiros e aviadores do Brasil e dos Estados Unidos durante os combates que os irmanaram.
A nossa Força Expedicionária, nos campos gelados da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, combateu enquadrada no 5º Exército Americano,
A esse tempo, a recém-criada Força Aérea Brasileira foi treinada e equipada pelos Estados Unidos, combatendo na Itália com o 1º Grupo de Aviação de Caça, voando com o P-47 Thunderbolt, enquadrado pelo 350º Grupo de Caça americano, e com a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação, voando com L4-Piper Cub, ao mesmo tempo que patrulhava as águas do Atlântico Sul com os Catalinas.
A nossa marinha de Guerra, na ocasião, foi também reorganizada com apoio dos Estados Unidos, participando da guerra anti-submarina no Atlântico Sul, na zona Central do Atlântico e no Caribe e da guarda de comboios para o norte de África e o mar Mediterrâneo.
Por outro lado, tendo em vista a posição estratégica do Brasil, a 3ª Força Tarefa da 4ª Frota norte-americana instalou seu Comando em Recife e bases navais e aéreas americanas foram instaladas ao longo do litoral brasileiro.
Desde então, em que pese as flutuações ditadas pela política externa entre o Brasil e os Estados Unidos, houve permanente aproximação entre as Forças Armadas dos nossos dois países.
O desaparecimento do confronto ideológico após o desmoronamento da Cortina de Ferro levou o mundo a comemorar o fim da história e o fim das guerras. Ledo engano. Ainda que os riscos da eclosão de uma Terceira Guerra Mundial tenham sido sensivelmente minimizados, pela maior interdependência entre os países, pela expansão do comércio internacional e pela expansão do fluxo de capitais – tudo no bojo da Globalização –, recrudesceram os conflitos locais e regionais, assim como as intervenções sob o signo dos organismos multilaterais para restabelecer e manter a paz em certas áreas de conflito; o que não quer dizer que ameaças à segurança nacional de um país tenham deixado de existir.
Portanto, eis que o governo brasileiro, tendo como marco o lançamento da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, passou a investir na construção de Forças Armadas modernas, em crescente profissionalização e em condições de operar em todo território nacional, respaldad em poder militar suficiente para enfrentar os desafios no cenário internacional.
E, aí, entra a indústria nacional, pois o farol que dá esse rumo aponta para o reaparelhamento delas baseado no desenvolvimento uma indústria nacional de defesa, com redução da dependência tecnológica e a superação das restrições unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis.
Os Estados Unidos e as suas empresas de defesa, aqui representadas, são potenciais parceiros para ajudar o Brasil e a sua renascida indústria de material de defesa.
Não somos concorrentes, somos complementares. Remoção de óbices eventualmente existentes e o fortalecimento da confiança mútua poderão ajudar, sobremaneira, na consecução dos projetos estratégicos das Forças Armadas brasileiras.
Eis uma razão para estarmos aqui reunidos.
A Marinha Brasileira, busca a construção de submarinos convencionais e de propulsão nuclear; reforçando o Núcleo do Poder Naval, está construindo um estaleiro e uma nova base de submarinos, 46 navios-patrulha de 500 toneladas e 4 corvetas; com o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, promoverá o monitoramento e controle do Atlântico Sul; criará o Complexo Naval da 2ª Esquadra e a 2ª Força de Fuzileiros Navais, para operar no Norte e Nordeste do Brasil; e desenvolve um míssil antinavio e reconstrói a estação científica Antártica.
O Exército Brasileiro, por usa vez, concebeu sete projetos estratégicos: Astros 2020, foguetes de longo alcance para apoio de fogo terrestre; o GUARANI, uma nova família de blindados de rodas; o projeto de Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre, dotando suas unidades de produtos de defesa imprescindíveis ao seu emprego operacional e em condições de atuar em qualquer ambiente operacional; o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, pelo qual o Exército, em cooperação e coordenação com vários órgãos governamentais, fortalecerá a presença do Estado na faixa de fronteira pelo monitoramento das áreas de interesse; Defesa Cibernética, capacitando não só o Exército, mas as demais Forças e outros setores estratégicos, para uso seguro de redes de comunicação; o Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres; Defesa Antiaérea, para a proteção de estruturas estratégicas, civis e militares, pelo emprego de meios militares e sistemas adequados para fazer frente a ameaças aéreas, tripuladas ou não.
A Força Aérea Brasileira, ao lado do célebre Programa FX-2, para aquisição, no mercado internacional, de caças de alcance estratégico, vem com vários projetos de modernização de aeronaves de que já é dotada, os caças Northrop F-5E Tiger, os aviões AMX de ataque ar-superfície e dos Lockheed P-3 Orion de patrulha marítima, de aquisição do transporte militar KC-390, em desenvolvimento pela EMBRAER; do míssil ar-ar de 5ª geração em desenvolvimento conjunto com a África do Sul; e do Projeto H-XBR, para produzir, inicialmente na França e, depois, no Brasil, helicópteros de médio porte e emprego geral; e a aquisição de veículos aéreos não-tripulados, os VANTs.
Capítulo à parte e que envolve a Força Aérea Brasileira, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e a Agência Espacial Brasileira é o nosso programa espacial, que tem encontrado alguma dificuldade para deslanchar plenamente. Nesse sentido, não podemos desconhecer que o maior mercado aeroespacial do mundo se encontra nos Estados Unidos.
Em face do exposto, abre-se um imenso manancial de possibilidades para a cooperação quanto à produção e aquisição de material de defesa assim como para o estreitamento de vínculos entre as Forças Armadas do Brasil e dos Estados Unidos.
Com toda a certeza, este é um momento ímpar para aprofundarmos a cooperação em defesa entre o Brasil e os Estados Unidos.
E amanhã, na 9ª edição da Feira Internacional de Defesa e Segurança da América Latina, na cidade do Rio de Janeiro, será uma ótima oportunidade para acompanharmos de perto o caminho que vem sendo trilhado pela indústria nacional de defesa e estabelecermos contatos que reforcem a cooperação bilateral.
Vamos torcer pelo sucesso da feira e, mais ainda, pelo sucesso da Base Industrial de Defesa do Brasil, desejando contar com a franca parceria das empresas defesa dos Estados Unidos, exatamente em consonância com os objetivos do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos: induzir o diálogo e melhorar o entendimento entre os setores empresariais dos dois países, aprofundar as relações bilaterais e contribuir para o crescimento econômico das duas nações.