Brasília – O deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, classificou de intempestiva a decisão do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), responsável pela produção e distribuição da vacina Sputnik V no exterior, de processar a ANVISA, que vetou a aquisição da vacina russa na segunda-feira, 26.

Em reunião nesta sexta-feira, 30, com o Embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Labetskiy, Neves afirmou que “esta decisão não ajuda em nada. Devemos priorizar os esforços em busca de uma solução que permita que a Sputnik seja mais uma vacina à disposição dos brasileiros, com toda segurança e as garantias previstas pelos órgãos reguladores”, disse.

Alexey Labetskiy considera estranha a decisão da agência que, segundo ele, “está baseada apenas em papéis, não em estudos sobre a vacina. A Sputnik nunca foi estudada pela ANVISA. Me parece que nenhum frasco chegou a ser analisado pela agência”, destacou. Ainda de acordo com o embaixador, a Rússia não precisa promover a vacina que já teria cerca de 1 bilhão de doses comercializadas com diferentes países.

Ao assinalar que “é impossível que apenas um país consiga vencer o vírus”, o diplomata reiterou que “a reputação da vacina foi manchada pela ANVISA”, mas se mostrou disposto a manter os contatos para viabilizar não apenas a exportação da Sputnik, como a sua produção no Brasil através de uma empresa privada que já dispõe de parques em Brasília e em Guarulhos.

“A grande preocupação é com o tempo. Quanto maior o número de vacinas disponíveis para a população, mais rapidamente podemos controlar a situação. Não há espaço de ordem política ou ideológica, para lidar com essa emergência. O foco dos esforços deve estar nas soluções”, observou Aécio Neves.

Patentes

O presidente da CREDN também conversou sobre a posição da Rússia em relação à quebra temporária de patentes para ampliar a produção global de vacinas. De acordo com o embaixador russo, este tema também tem sido alvo de discussões tanto no Parlamento como pelas entidades médicas e sanitárias, mas a Rússia tem a preocupação de que, mesmo temporária, essa quebra possa abrir o precedente para outros itens, desde produtos agrícolas até mísseis.

No âmbito do BRICS, Alexey Labetskiy, defendeu que os esforços sejam centrados na criação de um centro de pesquisas epidemiológicas, que já conta com o apoio dos cinco integrantes do bloco. Revelou, ainda, que a empresa privada com a qual o fundo russo firmou parceria poderá, em breve, produzir a Sputnik totalmente no Brasil, sem sequer pagar royalties.

Assessoria de Comunicação e Imprensa – CREDN