Abin acredita que Brasil pode sofrer ataque terrorista
Luiz Alberto Sallaberry apresentou a forma de atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e dos demais órgãos que compõem o sistema de inteligência do País.
O procurador de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Denilson Feitosa, também destacou a situação da inteligência no País. Segundo ele, o cenário é muito grave. “Não estamos preparados hoje para os grandes eventos. A Rio + 20 é um grande evento, com a presença de chefes de Estado, e o Brasil não está preparado para isso”, admitiu.
Pós-doutor em Inteligência, Segurança e Direito, Feitosa criticou a falta de uma política nacional de inteligência, que, segundo ele, é fundamental em qualquer Estado do mundo. “Tivemos casos de febre aftosa depois de vinte anos como zona livre da doença. A base de Alcântara explodiu e até hoje ninguém sabe o que aconteceu. Esse fato atrasou nosso programa espacial em dez anos”, apontou.
Já o delegado da Polícia Federal Wellington Soares Gonçalves destacou que não há a menor possibilidade de se terceirizar setores estratégicos da PF. "Existe um debate sobre terceirizar algumas atividades administrativas, como a emissão de passaporte, para que haja uma maior força policial disponível na área de investigação", explicou.
O delegado foi questionado pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB/AC), que quis saber também sobre o uso de malas de escuta. Ele negou que a PF faça uso de equipamentos de escuta telefônica para causar danos a pessoas ou instituições.
“A forma como a Polícia Federal faz uso dessas malas e de outros equipamentos é sempre de acordo com as leis e com a Constituição. Trabalhamos sempre por provocação de um fato criminoso, em que haja indícios suficientes para abertura de inquérito", ressaltou.
O representante do Gabinete de Segurança Institucional, Luiz Alberto Sallaberry, disse que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não dispõe de maletas de escuta: "Infelizmente não temos esses equipamentos, porque a legislação não permite que um órgão de inteligência faça esse tipo de interceptação."
O cientista social Ronaldo Carmona levantou o debate sobre as ameaças que podem ser feitas ao Brasil. Para Carmona, “as ameaças devem ser identificadas sobretudo pela ótica dos grandes interesses geopolíticos brasileiros, em especial o interesse de integração, coesão e sinergia com a América do Sul e África atlântica e lusófona”.
Ele destacou a necessidade da Política de Inteligência Nacional é fruto de amadurecimento “lento mas consistente” de uma visão estratégica para o país. “As ameaças, são assimétricas e não são universais”, lembrou o cientista.
Carmona também lembrou “um mundo multipolar pode ser tão instável como o mundo unipolar ou bipolar, por isso é preciso um forte e robusto serviço de inteligência do estado, voltado para a soberania e autonomia nacionais”.