As manifestações depreciativas sobre suas vestimentas e adornos tradicionais constituem ofensa que combina racismo, violência política de gênero e desrespeito cultural, práticas incompatíveis com o exercício de um mandato parlamentar no Brasil.

Mulher indígena, eleita deputada federal por Minas Gerais, Célia Xakriabá é porta‑voz legítima de milhares de brasileiras e brasileiros que exigem respeito a sua identidade e aos seus direitos ancestrais. Tornou-se também a primeira mulher indígena a presidir uma comissão permanente no Parlamento brasileiro. 

Sua presença no Congresso Nacional simboliza o avanço na construção de uma democracia verdadeiramente plural; por isso, qualquer tentativa de silenciar sua voz fere não apenas a parlamentar individualmente, mas o próprio princípio de representatividade que sustenta o Parlamento.

Vestimentas, adereços e costumes tradicionais são expressões identitárias protegidas e devem ser respeitadas dentro e fora desta Casa; a ridicularização ou o menosprezo direcionados a eles viola direitos fundamentais e reforça estruturas de opressão que nossa sociedade se empenha em superar.

Manifestamos nossa solidariedade à deputada Célia Xakriabá e a todos os povos indígenas, renovando o compromisso de lutar por um Brasil em que o respeito às diferenças seja inegociável, e a dignidade de todas as culturas, plenamente reconhecida.

Deputada Dandara
Presidenta da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais