Câmara terá grupo de trabalho sobre contratação interna de pessoas com deficiência

Sugestão do deputado Rafael Motta será implantada por meio de parceria entre Primeira Secretaria, Diretoria Geral e Diretoria Administrativa da Casa
05/04/2016 18h45

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados

Câmara terá grupo de trabalho sobre contratação interna de pessoas com deficiência

Primeiro-secretário, Beto Mansur, autorizou a criação de grupo de trabalho visando ampliação da participação de pessoas com deficiência na Casa

A Câmara dos Deputados pretende criar um grupo de trabalho para estudar a ampliação da participação profissional de pessoas com deficiência no seu quadro de funcionários. A ideia partiu do deputado Rafael Motta (PSB-RN), que apresentou sugestão ao primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP).

Com o aval do primeiro-secretário, foram feitos estudos pela Diretoria Administrativa (Dirad), em parceria com a Diretoria-Geral (DG), representada pelo Programa de Acessibilidade e pela Assessoria Técnica (Atec), para avaliar a viabilidade da criação desse grupo de trabalho, que será composto por representantes desses setores e pelos dois deputados, acompanhados de um assessor de seus gabinetes.

Inicialmente, o objetivo seria ampliar a participação de pessoas com síndrome de Down. Porém, como a Câmara já tem o Programa de Acessibilidade, que promove a inclusão de pessoas com diferentes tipos e graus de deficiência, o grupo será formado em conjunto com esse programa e não se restringirá às pessoas com a síndrome.

Para Rafael Motta, o Parlamento tem a obrigação de discutir a inclusão social. Na opinião do parlamentar, as pessoas com deficiência são capacitadas para gerenciar e realizar tarefas, só não há oportunidades no mercado de trabalho.

"Nossa ideia é que esta Casa, através dos seus setores e da Mesa Diretora, possa corrigir de forma legal a contratação dessas pessoas e, quem sabe, incluí-las no cerimonial desta Casa, recebendo as visitas, por exemplo. Queremos mostrar de forma explícita que a Casa está participando da discussão em relação à inclusão social."

As próximas reuniões do grupo de trabalho devem ocorrer ainda em abril, quando o grupo deverá ser formalizado.

Iniciativa pioneira
O Programa de Acessibilidade da Câmara, ligado à Assessoria de Projetos e Gestão (Aproge), foi criado em 2004, com o objetivo de planejar, implementar e promover ações integradas para proporcionar às pessoas com deficiência - servidores, parlamentares, visitantes, telespectadores e internautas - maior acessibilidade aos ambientes real e virtual da Casa e aos produtos e serviços por ela oferecidos. Essas ações visam eliminar barreiras arquitetônicas, atitudinais e de comunicação, além de capacitar funcionários que atuam no atendimento a esse público.

Dentro desse programa, por exemplo, a Câmara pode contratar estudantes com síndrome de down para trabalhar na conservação dos livros da Casa. Um acordo firmado em 2008 com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) permite que alunos da instituição trabalhem na higienização de documentos da biblioteca.

A atividade inclui a limpeza de livros e medidas especiais para combater danos provocados pela temperatura e umidade sobre o acervo. Os aprendizes, que foram treinados pela Universidade de Brasília, fazem a limpeza dos livros página por página e ganham um salário mínimo. O programa conta com oito participantes e uma professora.

A chefe da Seção de Conservação e Restauração, Gilcy Azevedo, elogia a iniciativa. "Sem este trabalho de base, provavelmente os nossos acervos se deteriorariam com muito mais rapidez. O trabalho deles é extremamente importante e faz parte de todo um contexto de cuidados preventivos com relação aos nossos acervos históricos."

Urbano Aguiar, um dos alunos do programa, conta que no início ficou sem saber qual seria a reação das pessoas em relação a eles. Mas hoje se sente muito à vontade e gosta do que faz. "O trabalho que eu faço é higienizar livros e documentos, limpo folha por folha. Se tiver alguma coisa, algum bicho, a gente chama um servidor e este livro é passado para outro setor”, explicou.

Reportagem - Lianna Cosme
Edição – Adriana Resende