Acessibilidade nas Olimpíadas e Paralimpíadas é preocupação central

10/06/2016 15h25

Na audiência promovida na quarta-feira (8) pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, ficou evidente a preocupação dos especialistas com a falta de acessibilidade no transporte aéreo brasileiro durante os Jogos Rio 2016 – Olímpicos, em agosto, e Paralímpicos, em setembro.

Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Minas Gerais (Conped-MG), Kátia Ferraz, Kátia Ferraz, a maioria das pessoas não tem clareza sobre o que é acessibilidade, pois muitos acham que acessibilidade se resume a colocar uma rampa ou ter um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras). 

Segundo ela, mesmo que a pessoa com deficiência consiga chegar até o aeroporto - de carro, ônibus ou táxi - muitas vezes é impedido de embarcar, porque o motorista não consegue estacionar em uma vaga correta ou porque o aeroporto não oferece as condições necessárias. “O Brasil passará vergonha na recepção desses passageiros nas Olimpíadas deste ano”, criticou.

O representante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade) Filipe Trigueiro Xavier afirmou que melhorias para o atendimento de todo o tipo de deficiência devam ser aplicadas antes dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, em setembro. Segundo ele, os passageiros que chegarem de aeroportos europeus, por exemplo, encontrarão dificuldades ao desembarcarem em aeroportos brasileiros, já que não serão disponibilizados os mesmos serviços, como cães-guias ou intérpretes de Libras.

Convênios
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, informou que as companhias têm uma preocupação especial com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Por isso, tomaram a iniciativa de fazer parte do grupo de trabalho formado pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), Anac e Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, hoje ligada ao Ministério da Justiça e Cidadania. 

Além desse grupo, a Abear também fez um convênio com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), para debater o tema com os atletas. “Entendemos que era preciso fazer um gesto amplo, público, simbólico - mas muito concreto - de atenção e imersão e nos auto-obrigar a ter uma relação melhor com o assunto”, explicou.
Para todos

O coordenador-geral de Acessibilidade da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, hoje ligada ao Ministério da Justiça e Cidadania, Rodrigo Machado, salientou que acessibilidade é importante para todas as pessoas, e não apenas para as que têm deficiência. 

“Calçadas planas, por exemplo, servem para cadeirantes e também para quem está carregando mala ou empurrando carrinho de bebê. A diferença é que, para quem não tem deficiência, isso é interessante, enquanto pessoas com deficiência dependem desses equipamentos urbanos para ter igualdade de oportunidade”.

Segundo ele, é necessário treinar os operadores de bordo dos aviões, como a equipe de assistência terrestre e até mesmo os que manuseiam as bagagens. “Os equipamentos custam caro e se forem danificados, ficam inutilizados. Hoje as pessoas com deficiência preferem viajar de avião, que é mais acessível. Mas é preciso melhorar a mobilidade urbana como um todo e não só os aeroportos”, analisou.

 

Da Redação – AR
Fonte: Agência Câmara Notícias