2008-04-10 Meio Ambiente e Desenvolvimento devem caminhar juntos
Foto Eduardo Oliveira
Opinião unânime entre a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o Ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, o crescimento econômico do país também precisa estar inteiramente associado às questões ambientais. "Não precisamos derrubar árvores para garantir nossa agricultura" afirmou o Ministro, em alerta ao setor produtivo. Ele afirmou que a expansão dos cultivos pode ocorrer nos 165 mil km² de áreas já degradadas existentes em todo o Brasil.
A declaração foi feita em Audiência Pública sobre o controle do desmatamento na Amazônia, nesta quarta-feira (09/04), em meio as cinco horas de discussão entre as autoridades do Executivo, parlamentares, especialistas e representantes dos setores envolvidos.
Realizada pela Comissão de Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional com participação das Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, "a audiência foi um verdadeiro encontro lato senso", enfatizou o Presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado André de Paula (DEM/PE), sobre a participação ativa de pelo menos 23 parlamentares no debate que, segundo ele, é a chave para um novo processo de políticas integradas em prol do desenvolvimento ambientalmente sustentável.
Para a Ministra Marina Silva, não se pode tratar o desmatamento apenas com o Ministério do Meio Ambiente. "Voltamos a índices de desmatamento de 15 anos atrás, quando havia menos infra-estrutura e uma quantidade de pessoas bem menor na Amazônia. Imagine o que é chegar a esses mesmos patamares com aumento da infra-estrutura e da população e em pleno crescimento econômico", completou. Além da parceria com os estados, todos as pastas envolvidas, a exemplo das Minas e Energia e da Agricultura precisam estar comprometidas com a causa. "Na Amazônia temos muitas alternativas, há espaço para atividades ambientalmente sustentáveis e justas", conclui Marina Silva.
Metodologia e dados do INPE
Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara Neto, apresentou um balanço do monitoramento feito pelo INPE desde 1988, lembrando que atualmente o sistema de monitoramento do Brasil é referência mundial. Dados apresentados mostram que o desmatamento na região pode ser dividido em duas grande modalidades: corte raso, ou corte e queima, que foi um processo muito usado nas décadas de 70 e 80, quando o monitoramento era feito basicamente com a interpretação visual de imagens. Segundo Câmara Neto, hoje as investigações são em torno do que acontece entre a floresta e o corte raso, o que está sendo notoriamente detectado pelos novos sistemas que abrangem todas as fases.
INCRA alerta sobre participação dos estados
De acordo com o diretor de Programas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Raimundo Lima, o dados gerais sobre desmatamento mostram menor índice nas áreas de assentamento. Raimundo Lima enfatizou que as ações promovidas pelo Incra teriam mais sucesso uma parceria mais redesenhada dos estados. Segundo ele, existe uma grande dificuldade de fazer o licenciamento ambiental de áreas de assentamento, porque cada estado tem um processo diferente. "A maioria dos estados está despreparada para o licenciamento de assentamentos", afirma.
CONTAG
O secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Paulo de Tarso Caralo, cobrou do Ministério da Agricultura a atualização dos índices de produtividade no País e alertou para a grilagem, inclusive como fato animador para crimes de sonegação fiscal. "Precisamos de uma presençamaior do Estado e de uma punição mais severa para os grileiros", enfatiza Tarso Caralo. O secretário da Contag também cobrou o fortalecimento dos povos da floresta como forma de combater o desmatamento. Segundo ele, isso poderia ser feito com apoio à agricultura familiar e uso sustentável dos recursos florestais.
Ana Inês
com Agência Câmara