2007-09-13 Empresas culpam minas desativadas por poluição de carvão
Empresas culpam minas desativadas por poluição de carvão
O presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan, afirmou, em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, dia 13 de setembro, que as minas desativadas são a maior fonte de poluição em conseqüência da mineração de carvão na Região Sul. De acordo com ele, no Sul, responsável por toda a produção do minério no país, há 610 minas abandonadas, 173 delas subterrâneas e com entradas ainda abertas. Essas instalações, conforme disse, liberam resíduos tóxicos e podem desabar, o que coloca a população em risco.
No entanto, os participantes da audiência, que debateu o tema “Carvão mineral – Passivo ambiental e saúde dos mineiros”, foram unânimes em sustentar que os problemas ambientais e de saúde dos trabalhadores foram praticamente sanados. O diretor de Fiscalização do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), Walter Lins Arcoverde, informou que, desde 1985, o órgão exige que a mineração seja feita a úmido para evitar a emissão de poeira, o que reduziu as doenças pulmonares entre os mineiros. Na mesma época, o DNPM também começou a cobrar o controle da emissão de gás metano, com o propósito de evitar acidentes.
Contudo não se sabe a incidência de pneumoconiose (fibrose das células pulmonares provocada pela ingestão de poeira) entre mineiros. Estudos realizados nas décadas de 1980 e 1990 apontavam uma probabilidade de 20% para desenvolver a doença nas pessoas que trabalhassem nas minas durante pelo menos 15 anos. Os dados foram lembrados pelo coordenador da área técnica da saúde do Ministério da Saúde, Marco Antônio Gomes Perez. O diretor da Federação Interestadual dos Trabalhadores na Indústria de Extração do Carvão, Arnoldo Mattos, no entanto, disse que a expectativa é de terem erradicado o problema com as medidas legais e a utilização de equipamentos de segurança.
Quanto aos problemas ambientais, Fernando Luiz Zancan informou que a Região Sul tem 6,1 mil hectares de área degradada por minas de carvão. Desses, 600 hectares encontram-se cobertos por argila e outros 600 foram urbanizados. "A própria atividade está gerando os recursos para a recuperação ambiental" - observou. Ele citou exemplo de minas que utilizam barragem subterrânea para reter a água contaminada, só liberada após tratamento.
O prefeito de Forquilhinha (SC), Paulo Hoepers, informou sobre a instalação de uma usina na cidade para testar a utilização de resíduos das minas no tratamento de esgoto, inclusive industrial. “A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já demonstrou interesse na utilização do produto” - disse.
Outra possibilidade de utilização dos resíduos de carvão é a pavimentação de estradas com as cinzas resultantes da produção. Conforme Fernando Zancan, a técnica já é utilizada em larga escala nos Estados Unidos e se encontra em fase de teste no Sul do Brasil.
Outra forma de reduzir os impactos ambientais da produção seria instalar usinas termelétricas para queimar os resíduos de carvão mineral.
ECONOMIA - Os participantes da audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foram enfáticos ao destacar a importância do carvão mineral para a economia. O prefeito de Forquilhinha (SC), Paulo Hoepers, afirmou que o setor responde por 35% da arrecadação de seu município. Em toda a região, a indústria carbonífera deixa R$ 250 milhões em tributos a cada ano, acrescentou. "A indústria extrativista também é extensiva em criação de empregos" - disse.
O Brasil conta, atualmente, com 11 minas de carvão ativas, que empregam cerca de 5 mil pessoas. O país produz 5,7 milhões de toneladas do minério, o que gera recursos da ordem de R$ 500 milhões. Desse volume, 85% destinam-se às termelétricas. O produto responde, segundo o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan, por cerca de 3% da matriz energética e representa a segunda reserva energética nacional. No mundo, de acordo com Zancan, o minério produz 24% da energia elétrica consumida.
Fonte: Agência Câmara