Palestrantes defendem respeito às minorias no 12º Seminário LGBT
A Câmara dos Deputados recebeu, nos dias 20 e 21 de maio, o 12º Seminário Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), que teve como tema “Nossa vida d@s outr@s – A empatia é a verdadeira revolução”. O evento foi marcado por críticas à intolerância religiosa e ao discurso de ódio contra homossexuais no parlamento e na sociedade.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF) os direitos LGBT carregam um caráter extremamente transformador na luta pelos direitos, porque é o direito de amar e ser. “Em uma sociedade tão coisificada, onde a mão invisível do mercado aprisionou os desejos, comportamentos, e que adentra a cidadania da intimidade, é muito importante que nós possamos assegurar o direito de ser, a liberdade, e que nós possamos assegurar o direito de amar".
Viviane Mosé, filósofa e psicanalista, afirma que “nunca vivemos numa sociedade tão preconceituosa. O século XX foi o século do embotamento. Se você diz uma coisa que os outros não estão dizendo, você é destruído".
A doutora em filosofia e professora Marcia Tiburi destaca que o ódio às minorias poderá ser vencido agindo em nome de um diálogo que não apenas mostre que o ódio é impotente, mas que o torne impotente. “Quem luta por direitos sabe que a conversar é impossível. Mas da possibilidade de perfurar a blindagem fascista depende o recuo do fascismo, infelizmente, a cada dia renovado pelo fomento da propaganda fascista dos políticos antipolíticos e dos meios de comunicação de massa. O diálogo é, neste caso, a “metodologia democrática” básica que poderia operar em situações privadas ou públicas. O diálogo parece impotente diante do ódio. Ele parece delicado demais. Mas o diálogo em si mesmo é um desafio. Um desafio micropolítico, cuja colocação em cena pode nos ajudar a pensar no que fazer, no como agir em escala macropolítica”, afirma Marcia Tiburi.
Cláudia Dutra, coordenadora da Diretoria de Políticas de Educação em Direitos Humanos e Cidadania, do Ministério da Educação, afirma que a escola é um caminho para acabar com os ataques aos LGBTs. "A escola é uma instituição social que está fortemente relacionada com os valores sociais, mas ela também cria uma cultura escolar que deve ser democrática e defenda a liberdade humana, os direitos fundamentais do ser humano, a orientação sexual, identidade de gênero. É essa a escola que deve ser defendida”.
Maria Araújo, símbolo de luta pelos direitos das transexuais por ter passado numa universidade federal, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), diz que a grande maioria da sociedade não enxerga as trans. “Isso começa a ser mudado a partir do momento em que vocês trazem uma menina como eu para falar em um lugar tão importante como esse. Nós, travesti e transexuais, saímos da escola porque ela não representa um lugar de aceitação. A escola não representava um local em que eu poderia vivenciar. A educação é um fator transformador e por isso decidi cursar pedagogia. Quando uma travesti pobre, negra e nordestina vem falar em Brasilia, nós começamos a sair da utopia e transformar a nossa sociedade em algo igualitário", discursou Maria Clara Araújo, ovacionada na terceira e última mesa do 12º Seminário LGBT.
Informações da assessoria da CLP