A Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados debaterá com o governo e a sociedade incentivos ao uso de bicicletas como meio de transporte nas cidades brasileiras, com propostas que incluem desde projetos de ciclovias, incentivos tributários para a compra de bicicletas e a adoção de regras que aumentem a segurança dos ciclistas. A audiência sobre o tema será realizada na terça-feira, dia 29 de abril, no plenário 3, do anexo II da Câmara dos Deputados.

O Brasil possui uma das seis maiores frotas de bicicletas do mundo, mas apenas 7% da população usam a bicicleta como meio de locomoção, enquanto esse índice chega a 20% na China, de acordo com informações da entidade ambientalista norte-americana Earth Policy Institute. O objetivo do debate na Câmara é gerar condições para estimular o uso desse modal de transporte, que não polui e ajuda a melhorar o condicionamento físico dos seus usuários.

O requerimento da audiência é de autoria do deputado federal Fernando Ferro (PT-CE), que classifica a discussão como de suma importância, “frente às condições caóticas de mobilidade que se agravam a cada dia nas cidades brasileiras, bem como às mobilizações populares pela melhoria das condições de transportes nos centros urbanos”.

Entre os convidados a participar da audiência estão representantes dos Ministérios das Cidades, da Educação, da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Também foram convidados os presidentes da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), Marcelo Maciel, da Associação Brasileira da Indústria e Comércio De Bicicletas (Abradibi), Tarciano de Souza Araújo, e da  ONG Rodas da Paz, do Distrito Federal, Jonas Bertucci.

Será possível participar do debate de qualquer lugar do Brasil e do mundo. Basta acessar o link do portal e-Democracia (https://bit.ly/1ilu12H ) que já estará na sala dedicada à audiência.

Um bilhão de bicicletas

O Brasil figura entre os seis países com o maior número de bicicletas no mundo, com cerca de 70 milhões de unidades. China, Estados Unidos e Japão lideram o ranking, sendo que o primeiro possui 500 milhões, quase a metade da frota mundial, calculada em mais de 1 bilhão, o mesmo número de carros em todo o planeta.

A semelhança de estatísticas entre bicicleta e carro param por aí. Enquanto a primeira representa um modal de transporte não poluente, que ocupa pouco espaço e contribui para elevar a qualidade de vida da população, o segundo é usualmente apontado como um dos principais responsáveis pelo trânsito caótico, além de ser um dos maiores emissores de poluentes das grandes cidades.

Embora o uso de bicicletas seja comprovadamente benéfico para a saúde, é o setor automotivo que mais recebe incentivos para produção e venda no País. Estudos mostram que iniciativas isoladas no Brasil, a partir dos anos 1990, geraram aumento no número de ciclistas, como o Movimento Ciclovias Urgente, no Recife, o Pedala Rio, no Rio de Janeiro, e os night bikers, em São Paulo.

Atualmente, o Rio de Janeiro é a única metrópole brasileira considerada por organizações não-governamentais internacionais uma cidade amigável ao uso de bicicletas. As cidades que lideram esses rankings estão situadas na Europa, entre elas Copenhague (Dinamarca), Amsterdã (Holanda), Sevilha (Espanha), Berlim (Alemanha) e Nantes (França), onde mais de 30% das pessoas usam a bicicleta regularmente como modal de transporte

Rafael Fontana | Multimedia Journalist

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