Adão Pretto permanece vivo na luta dos movimentos sociais e agora também no Parlamento
A Câmara dos Deputados homenageou Adão Pretto, ex-deputado do PT, batizando o plenário 9 da Comissão de Direitos Humanos e Minorias com o nome desse que foi o maior representante, dentro do Congresso Nacional, dos movimentos sociais no país. Em uma solenidade marcada pela emoção e alegria, os familiares, amigos, religiosos e colegas de parlamento lembraram a trajetória coerente de Adão Pretto e sua luta por justiça social.
Com o plenário decorado por objetos simbólicos aos trabalhadores rurais, a Sessão Solene, realizada em conjunto pela Comissão de Direitos Humanos e pela Legislação Participativa , iniciou com uma "mística sonora", em que foram cantadas e declamadas algumas músicas e poesias de autoria de Adão Pretto, que retratam a busca incessante por um ideal de inclusão social e a bravura dos homens simples que não desistem frente às maiores adversidades da vida.
"Agricultor, estás dormindo?
O que é que estás fazendo?
Não vês o que está acontecendo
Não podes ficar na fossa.
Contra esses atrevidos
Que nos atropelam na roça"
"Vamos unir nossa classe
Nos quatro cantos da nação
E em forma de puxirão
Nos dando as mãos calejadas
Nos armamos de enxada
E damos um grito de guerra
Porque nós somos os donos da terra,
Queremos tudo ou nada".
Presidente da Comissão de Legislação Participativa, o deputado federal Paulo Pimenta afirmou que "ao inaugurar o plenário 9, com o nome Adão Pretto, a Câmara mantém viva a luta pela justiça social nos país". Com lágrimas nos olhos, os trabalhadores rurais e representantes de vários movimentos sociais se amontoavam em um plenário lotado para serem testemunhas de uma dos mais belas homenagens que a Câmara dos Deputados já realizou. Exemplo disso é que o plenário 9, onde ocorria a solenidade, não foi suficiente, e muitos trabalhadores e trabalhadoras de mãos incansáveis, que são agora os que continuam a luta de Adão Pretto, assistiam ao cerimonial em uma sala ao lado por um telão improvisado. Eles concordaram com a Presidente da Comissão de Direitos Humanos, a deputada Iriny Lopes, quando ela lembrou que ali não havia lugar para tristeza, mas sim confiança para continuar. "Ficou a coragem, a determinação de quem nunca deu trégua à luta por uma sociedade com igualdade", disse Iriny Lopes. Edgar Pretto, filho de Adão, que representava os familiares na mesa oficial, foi enfático: "O pai quebrou o preconceito que parte da população rica desse país tenta incutir na cabeça dos trabalhadores, ao dizer que não adiantaria eleger para o Congresso Nacional um trabalhador do Povo, pois ele deixaria se corromper como os demais. Mas o pai nunca se corrompeu e sempre teve muito claro de que lado esteve, sempre soube quem representava". Edgar agradeceu a presença de Dom Tomás Balduíno, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Rolf Hackbart, e do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, aliados de Adão Pretto nas muitas conquistas obtidas em favor dos trabalhadores rurais e na luta contra a descriminalização dos movimentos sociais do país.