“Meu avô amou o Brasil”
Assessoria Parlamentar / PSOL
Glauber Braga, Maria Marighella, Waldenor Pereira e Luiz Carlos Vasconcelos
Maria afirmou que o avô dela “amou o Brasil, e agora é muito devastador, uma indignidade, que tenhamos na coordenação do poder no Brasil, homens que tenham tanto escárnio e afastamento da vida das pessoas. Mas temos que lembrar que, em cada canto do Brasil, existem homens, mulheres, negros, lgbts, gente de dentro ou fora da política, pessoas que também amam o Brasil. Precisamos refundar o país. Marighella vive na nossa imaginação”.
A exibição do longa foi proposta pelo deputado Glauber Braga (PSOL/RJ).
“Até ontem, não sabíamos se a exibição do filme ia acontecer, foram colocados vários obstáculos pela direção da Casa. Porém, quanto maior o risco de fechamento de regime, por um presidente da República que tenta um revisionismo histórico do golpe de 1964, a exibição de Marighella é uma forma de celebrar a resistência dos que lutaram contra a ditadura empresarial-militar, e uma demonstração de energia política para enfrentar o fascismo de plantão”, explicou o parlamentar.
O filme conta a história do político, escritor e guerrilheiro Carlos Marighella. Ele fez parte do Partido Comunista Brasileiro (PCB), pelo qual foi deputado federal e cassado em 1948.
Passo seguinte, fundou a Aliança Libertadora Nacional (ALN). A Aliança se tornaria um dos principais grupos da luta armada contra a ditadura.
“Atores são simples contadores de história e eu me sinto particularmente emocionado em fazer parte deste projeto, um filme que narra um período sombrio na nossa história recente. Um filme que desmente uma história mal contada, que revela quem são esses homens e mulheres que doaram suas vidas pelas nossas liberdades democráticas. Tentaram proibir o filme, mas foi um tiro no pé. O melhor momento para exibir Marighella é agora”, disse o ator Luiz Carlos Vasconcelos.
A mão do Estado
Marighella foi exibido no mesmo dia em que o Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou o regime de urgência para votação do Projeto de Lei nº 1.595, de 2019, do deputado Vitor Hugo (PSL/GO), que pretende regulamentar a ação do Estado para prevenir e reprimir atos terroristas no Brasil. Entre outas medidas, o PL cria uma polícia política sob comando direto da Presidência da República.
“É muito simbólico que esse filme seja exibido, aqui, no dia da votação da urgência de um projeto que traz os mesmos princípios de antes, de autoritarismo, perseguição política e que taxa a luta do povo de terrorismo. Nossa luta ainda não acabou”, destacou a deputada Natália Bonavides (PT/RN).
O filme começou a ser rodado no final de 2017 e foi lançado em 2019 no Festival de Cinema de Berlim. Por causa da pandemia e entraves burocráticos na Ancine (Agência Nacional do Cinema), a película estreou apenas este ano no Brasil.
O presidente da CLP, deputado Waldenor Pereira (PT/BA) ressaltou que “a exibição do filme é uma homenagem à memória nacional, à história imprescindível de Carlos Marighella para a redemocratização do país e ainda um tributo à cultura e cinema brasileiros, que vêm sofrendo duros ataques nos últimos tempos”.
O fim
Em 4 de novembro de 1969, Marighella foi morto num atentado por agentes do regime militar em São Paulo. De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, ele morreu com um tiro à queima roupa dentro de uma viatura da polícia, após perseguição dentro de um cinema.
A íntegra do debate está disponível, em áudio e vídeo, na página da CLP no site da Câmara dos Deputados.
Pedro Calvi / CLP