Padre Ton quer a Câmara fiscalizando a construção da usina de Jirau em RO
O deputado federal Padre Ton (PT-RO), comunicou durante audiência na Comissão da Amazônia que deu entrada na Mesa da Câmara, em requerimento para que seja composta uma Comissão Externa, com a finalidade de acompanhar a apuração dos fatos que provocaram a rebelião de trabalhadores no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, no último dia 15. O pedido de instalação deveu-se, segundo o parlamentar, devido aos conflitos não explicados corretamente pela empreiteira e em virtude do tratamento dado pela empreiteira aos trabalhadores, motivo de reclamação há muito tempo.
“Existem muitas indagações sobre o ocorrido, e até o momento não sabemos direito o que aconteceu. Por isso, pedi urgência à Mesa Diretora para instalar a Comissão. Precisamos averiguar o que está de fato acontecendo com este grande empreendimento, uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento”, disse o deputado aos seus pares da comissão.
Segundo o deputado, além de acompanhar a apuração dos fatos que “provocaram a rebelião”, a Comissão Externa destina-se a ouvir “todos os setores envolvidos no caso para poder apurar denúncias recorrentes de maus tratos e abuso dos direitos da pessoa humana” praticados pelos que comandam os trabalhos no canteiro de obras, e também “averiguar o impacto social e ambiental, bem como definir uma política de tratamento mais justa para os trabalhadores”.
Padre Ton manifestou preocupação com os mais de vinte mil trabalhadores da usina, quase metade deles dispensados depois da rebelião que destruiu instalações da Camargo Corrêa, uma das integrantes do Consórcio Enersus, que constrói Jirau. Ele citou nota publicada no jornal "Folha de São Paulo", em que "até mesmo o governo federal", através do ministro Antônio Palocci, "manifesta preocupação com a forma de contratação dos trabalhadores". "À moda antiga", teria sido a expressão utilizada pelo ministro para dizer de que forma se dá a administração de pessoal feita pela empresa.
No sábado, dia 19, o jornal "O Estado de São Paulo" publicou que a Camargo Corrêa se utiliza de 'gatos' para contratar trabalhadores no Nordeste com promessas não cumpridas. Gatos são pessoas que recrutavam mão de obra na ditadura para os grandes empreendimentos do milagre econômico, tratando os trabalhadores de forma similar à escravidão depois de recrutados especialmente no Norte e Nordeste.
O requerimento protocolado na Mesa Diretora tem o número 871 e tem o apoio de vários deputados.
A criação de Comissão Externa está amparada no artigo 38 combinado com o artigo 117, inciso I do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.