Especialistas garantem que Açude do Castanhão não se altera com os abalos sísmicos

04/09/2007 19h25

A estrutura do Açude do Castanhão, no Ceará, não corre risco com os tremores de terra que acontecem na região. A garantia é dos especialistas que participaram da audiência pública realizada na tarde de hoje (4/9), pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional. O evento atendeu a requerimento do deputado José Guimarães (PT-CE). A Mesa foi dirigida pelo vice-presidente da CAINDR, deputado Marcelo Serafim (PSB-AM).
O engenheiro Getúlio Peixoto Maia, do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCs), deixou claro que existem 313 instrumentos que fazem a leitura para mostrar a qualidade da obra, e nenhum deles registrou qualquer alteração no açude durante os abalos sísmicos mais recentes.
“A barragem passou pela fase de projeto de uma forma muito bem detalhada. Todos os requisitos para uma obra daquele porte, realizada num local onde a população mora ajuizante e a área sofre impactos de abalos sísmicos, foram atendidos”, garantiu o engenheiro.
Getúlio Maia disse ainda que o açude passou por todas as simulações sísmicas com mais de dez mil ensaios em todos os materiais utilizados na obra. “O abalo de maior intensidade que já foi registrado, 2.3 na escala Richter, não causou nenhuma alteração na obra”, ressaltou.
O engenheiro Ângelo Araújo de Freitas, da Construtora Andrade Gutierrez, empresa construtora da obra, endossou as palavras de Getúlio Maia. “A construção foi feita em estrito respeito ao projeto do DNOCs. Todo o controle necessário para obras desse porte foi feito. O projeto levou em conta os abalos sísmicos existentes na região. Após os abalos recentes os equipamentos mostraram que não houve nenhuma alteração”, enfatizou.
Joaquim Mendes, especialista em Sismicidade, professor e coordenador do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultor na obra do Açude do Castanhão, lembrou que as pessoas no Brasil têm pouco conhecimento sobre os acontecimentos sísmicos locais, chegando a afirmar mesmo que isso não acontece no País. “O que é um engano. Os Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e parte de Pernambuco são as áreas que mais registram a ocorrência de abalos sísmicos ”, informou.
Sobre a obra do Castanhão, ele disse que o açude é hoje monitorado por sete estações digitais e uma analógica. E também garantiu que os últimos abalos, registrados dia 11 de agosto, não afetaram em absolutamente nada a obra. Ele ressaltou que a população só percebe os abalos a partir de intensidade 1.2 na escala Richter. “Abaixo disso são micro tremores que acontecem com muita freqüência e passam despercebidos”, esclareceu.
Debate – O deputado José Guimarães questionou os palestrantes sobre a máxima intensidade de tremor que a açude suportaria, sobre a outorga para o desenvolvimento de psicultura no açude e sobre a melhoria da qualidade de vida que o açude deveria ter proporcionado a população local. Só algumas dessas questões foram respondidas.
O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) quis saber se o DNOCs tem algum plano de emergência para a ocorrência de uma abalo muito grande, que realmente venha afetar o açude. E o deputado Márcio Junqueira (DEM-RR) indagou sobre o nível de informação da população local a respeito dos abalos sísmicos.
O professor Joaquim Mendes disse que não há como medir a intensidade do tremor que o açude suportaria. E esclareceu que as comparações são feitas com base nos tremores mais intensos já registrados. Sobre o Plano de Emergência, ele disse que só a Defesa Civil pode se manifestar a respeito. E garantiu que a população local é bem informada sobre a situação da região.
Ainda atendendo aos questionamentos, o engenheiro Ângelo Freitas, destacou que a Projeto da barragem levou em conta um valor sensivelmente superior à mais alta intensidade de abalo sísmico já registrado na área. E o engenheiro Getúlio Maia assegurou que por um período de 10 anos a barragem do açude está segura para um abalo de intensidade bem maior do que o maior já registrado.

Bety Rita Ramos

Edição e revisão: Samuel de Souza - samuel.souza@camara.gov.br