Debatedores ressaltam importância de pesquisas para desenvolvimento da Amazônia
"O território da Amazônia é quase que toda a região Sudeste. É uma dimensão muito diferente. Nós não temos estradas, precisamos de hidrovias, as aeronaves não fazem voos para o interior. Temos dificuldades de acesso e dificuldades de custo”, ressaltou Bessa.
Ele participou de audiência pública da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia para discutir a situação das instituições de pesquisa científica na Amazônia. “O custo é muito mais elevado na Amazônia do que no Sul, Sudeste e outras partes do Brasil. E também, em termos de infraestrutura, a gente ainda se encontra muito pouco povoado pela parte de cientistas", acrescentou o pesquisador.
Ajustes
A presidente da comissão, deputada Júlia Marinho (PSC-PA), ressaltou a importância de realizar ajustes permanentes nas estruturas de pesquisa e cobrar ações do governo para o desenvolvimento tecnológico.
A permanência dos recursos naturais no Brasil, as telecomunicações e as fronteiras agrícolas também foram citadas pelo vice-diretor do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Luiz Antônio Oliveira: "O único jeito de evitarmos, por exemplo, a biopirataria ou então o patenteamento de produtos que são originais da nossa biodiversidade é chegarmos antes deles”.
“Significa detectarmos aquelas espécies que tem valor econômico patenteado, e já colocar no mercado. Fazer parcerias com as indústrias para que produzam esses produtos o mais rápido possível a partir do momento que conseguimos a patente", acrescentou. Segundo ele, o número de pesquisadores no Brasil é muito abaixo do necessário. Seriam apenas 5 mil doutores nas diversas áreas do conhecimento.
Recursos
Durante a audiência, o deputado Angelim (PT-AC), que propôs o debate, sugeriu que sejam dirigidos recursos para as pesquisas na Amazônia, além de reivindicar melhores condições do ensino na região.
"Menos de 1% do que é destinado a pesquisas no Brasil é destinada à Amazônia. E lá está a solução para muitos problemas. Investir na Amazônia é uma questão de soberania nacional”, afirmou. “Uma questão de independência daquela região e geração de novos conhecimentos. Acho que o investimento maciço de recursos na Amazônia pode reposicionar o Brasil no cenário mundial da pesquisa."
O parlamentar convidou representantes das universidades federais da região amazônica, da Fiocruz Amazonas e do Inpa para debater as políticas públicas que devem ser adotadas, e a insuficiência de recursos financeiros. Além disso, foram relatadas as dificuldades de acesso às áreas durante as pesquisas.
Aprofundamento
O Inpa foi criado em 1952 para aprofundar os estudos científicos na área das ciências biológicas (fauna, flora e vida aquática) na região amazônica. O instituto atua em diversas áreas de pesquisa na Amazônia, como a biodiversidade, dinâmica ambiental, tecnologia e inovação.
O Brasil é o país mais rico do mundo em biodiversidade, mas precisa de soluções contra a biopirataria e o tráfico de animais silvestres na região amazônica. Para o Instituto prosseguir com as pesquisas e buscas por soluções de problemas na região, é necessário haver mais pesquisadores na área agrária e de ciências biológicas.
Em 1935, havia 1500 servidores, sendo 300 pesquisadores, e atualmente são 700 servidores, sendo 230 pesquisadores. O ensino básico na região é deficitário, consequentemente estão sendo formados poucos doutores.
Reportagem – Beatriz Carlos
Edição – Newton Araújo