Debatedores defendem mais investimentos para amparar cacaueiros da Amazônia
O debate ocorreu na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia e reuniu técnicos da Ceplac e representantes das secretarias de Agricultura dos estados amazônicos.
A deputada Júlia Marinho (PSC-PA), que convocou e dirigiu a audiência pública, lembrou que o Brasil mais que dobrou sua produção nos últimos dez anos, saindo de 170 mil toneladas de amêndoas, em 2003, para 279 mil toneladas em 2014.
Renovação de quadros
Mas para manter, ou aumentar este crescimento, precisa melhorar a política de preços e enfrentar problemas de infraestrutura para facilitar o escoamento da safra na região amazônica. Parte destes problemas, como observou o diretor do Ceplac, Helinton José Rocha, é a renovação dos quadros da Ceplac. “Um concurso público é urgente. Mais de 60% dos nossos técnicos estão se aposentando”, ressaltou.
O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e de Pesca do Pará, Hildegardo Nunes, observou que “a maior ameaça à produção cacaueira é o esvaziamento da Ceplac”. Segundo ele, “a produção do cacau falecerá junto com a Ceplac. Enquanto isso, até importamos cacau da África, de países que usam mão de obra escrava. Incentivamos a escravidão nesses países, a mesma que tanto combatemos aqui”.
Mercado em crescimento
Júlia Marinho lembrou que o mercado consumidor cresce no mundo. “Em 2003, a demanda da amêndoa foi maior do que a procura, o que refletiu na cotação do produto na Bolsa de Nova Iorque. E deve aumentar ainda mais nos próximos anos em virtude de problemas climáticos enfrentados pelos produtores da África Ocidental, responsáveis por quase 70% da produção mundial”, disse, acrescentando que a produção cacaueira é uma agricultura ecologicamente correta.
Hildegardo Nunes acrescentou: “Temos que trabalhar no reconhecimento de que o nosso cacau, particularmente o da Amazônia, não tem apenas um significativo teor de gordura, aroma e sabor, mas permite uma agricultura de integração social. Na Amazônia, ela é predominantemente familiar, permite culturas consorciadas no seu sombreamento e enriquece o solo”.
Reportagem – Roberto Stefanelli
Edição – Newton Araújo