Comandante Militar da Amazônia defende projeto de desenvolvimento para região

Visita de parlamentares às instalações do Exército reforça a necessidade de se pensar num PAC amazônico para responder aos desafios estratégicos
30/04/2013 15h00

Uma missão oficial formada por deputados e senadores visitou na última quinta (25) e sexta-feira (26), instalações militares consideradas estratégicas para a defesa e o desenvolvimento da região Amazônica. Promovida pelo Exército, a viagem contou com representantes da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA).

O roteiro começou pela capital do Amazonas, Manaus, onde os parlamentares foram recebidos no Comando Militar da Amazônia (CMA). Lá, eles puderam assistir à palestra do comandante do CMA, general Eduardo Villas Bôas, considerado um dos maiores especialistas sobre o tema. Segundo ele, é preciso entender a dimensão e a variedade dos problemas amazônicos sob o ponto de vista geográfico, ambiental e humano. Villas Bôas destacou que a Amazônia abriga recursos de toda a ordem, vegetais e minerais, cujo valor é incomensurável. No entanto, uma parcela muito pequena é conhecida e tem aproveitamento comercial. “A Amazônia abriga respostas para muitas das grandes ansiedades da humanidade, como as mudanças climáticas, água, energia renovável e produção de alimentos. Em virtude do apelo que Amazônia tem perante a opinião publica mundial, qualquer abordagem tem que ser multidisciplinar”, ensina.

Com 23 milhões de habitantes, a Amazônia brasileira representa cerca de 50% do território nacional, o equivalente a 14 países da Europa. O maior ecossistema do planeta está sob os cuidados de 27 mil homens do Exército, distribuídos por 124 organizações militares em 58 localidades. O efetivo é considerado insuficiente e a estimativa é que esse número possa chegar a 40 mil até 2030. Para o general Villas Bôas, o Brasil precisa compreender todo esse potencial para promover a integração regional, tanto com os demais estados quanto com países sul-americanos. “Precisamos projetar nossa influência sobre a região. Temos que preservar esse patrimônio por uma questão de responsabilidade perante às futuras gerações e perante o mundo. E também por uma questão de interesse econômico legítimo e para não legitimar bandeiras que vêm de fora, que pretendem nos ensinar como devemos cuidar de tudo isso”, explica o general.

 

 Narcotráfico

O avanço do narcotráfico na região amazônica é uma permanente fonte de preocupação e isso ficou claro nas diversas palestras proporcionadas pelo Exército à comitiva de parlamentares. Agora, o foco de atenção se volta para a fronteira sul de Tabatinga (AM), na fronteira com o Peru. No local, foram desenvolvidas variedades de coca adaptadas ao clima quente e úmido da baixa Amazônia. “O comércio da pasta base que vem para o nosso lado é no formato ‘formiga’, difícil de ser combatido. O que faz do Brasil um grande corredor de passagem da droga e o segundo maior consumidor mundial de cocaína. Mas posso assegurar que até hoje não encontramos nenhum pé de coca em nosso lado”, assegurou o comandante do CMA.

 

Operação Ágata 7

 O Brasil está prestes a realizar a maior operação militar conjunta de sua história, batizada de Operação Ágata 7. Coordenada pelo Ministério da Defesa, ela envolverá o conjunto das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), além de todas as forças policiais e agências governamentais. A mobilização ocupará, simultaneamente, toda a faixa fronteira, estendida por aproximadamente 17 mil quilômetros. “Isso tudo será feito imediatamente antes da Copa das Confederações, o que vai nos proporcionar uma presença maciça do Estado e a possibilidade de treinamento integrado. Isso é bom porque vai nos permitir um aprendizado conjunto. Esperamos que isso se mantenha depois, como uma espécie de legado militar”, torce o general.

 

Guerra na selva

A comitiva de deputados e senadores também teve o privilégio de visitar o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Localizado em Manaus, a unidade é responsável pela formação de sargentos e oficiais que irão gerenciar os diversos pelotões de fronteira, unidades espalhadas estrategicamente ao longo do limite geográfico com os demais países. São os chamados olhos e ouvidos do Brasil na defesa avançada no território nacional.

Comandado pelo coronel Alfredo José Ferreira Dias, o CIGS está prestes a completar 50 anos de existência. Ao longo de toda a história, já formou mais de 5 mil guerreiros de selva, entre eles cerca de aproximadamente 300 estrangeiros. “Eles dão uma importância muito grande para essa escola, porque consideram que é a melhor escola de guerra na selva do mundo”, destaca Dias. O curso dura 9 semanas e é conhecido pelos níveis extremos de exigência física, uma vez que é realizado nos sete campos de instrução mantidos pelo Exército em meio à selva amazônica.

 

Providências

Diante do volume de informações coletadas na missão parlamentar, o presidente da Comissão de Integração Nacional, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), convidará o Comandante Militar da Amazônia (CMA), general Eduardo Villas Bôas, para uma audiência pública na Câmara. “Gostaríamos que ele dividisse esse valioso conhecimento conosco. Dessa reunião, poderemos tirar um documento formal da CINDRA com as propostas do Exército para a Amazônia. No que depender de nós, as políticas públicas elencadas serão priorizadas”, garantiu o parlamentar.

 

 
Apolos Neto (Assessor de Imprensa deputado Jerônimo Goergen – PP/RS)

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