Pequenas universidades da Amazônia pedem socorro
Pequenas universidades da Amazônia pedem socorro
A Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional mediou, na última quinta 9, reunião entre os reitores das universidades federais de pequeno porte da Amazônia e a Finep
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O objetivo foi discutir, além das estratégias de ampliação da participação dessas instituições nos investimentos de ciência e tecnologia e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a elaboração de um projeto orçamentário que discrimine positivamente a distribuição de recursos de ciência e tecnologia e da educação superior da região. Integrou, ainda, a pauta da reunião a criação do Centro Científico e Tecnológico da Fronteira Amazônica compartilhada entre as pequenas universidades, com apoio da Finep e MCT.
O Reitor da Universidade Federal do Amapá - Unifap, José Carlos Carvalho, pediu à Finep editais específicos para as universidades de pequeno, que contemplem as características e a situação em que se encontram. "Espero sensibilizar os órgãos federais para as nossas prioridades. Não podemos ficar como estamos, a sociedade espera de nós uma resposta", declarou Carvalho.
"Tratamento diferenciado" também foi a tônica da exposição do Reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia - Ufra, Marco Aurélio Nunes. Ele citou os problemas decorrentes da ausência de financiamento adequado para pesquisa e as precárias condições de infra-estrutura da Federal Rural, que funciona em uma edificação tombada, como exemplos do descaso com que as pequenas universidades são tratadas. Nunes pediu uma "política federal que possa dar condições de crescimento às universidades de pequeno porte".
Surpresa com a afirmação do presidente da Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, Luís Fernandes, que disse desconhecer a pauta da reunião, segundo ele não lhe foi repassado os temas do encontro, e a situação específica das universidades federais de pequeno porte da Amazônia, a deputada Marinha Raupp (PMDB-RO) foi incisiva em seus questionamentos: – "Como resolveremos os graves problemas da Amazônia sem pesquisa? Como realizar pesquisas sem financiamento apropriado? O que a Finep pode fazer para diminuir as desigualdades entre as universidades da região?". A deputada, ainda, criticou a falta de atenção, por parte do Governo Federal, às prementes necessidades das pequenas universidades e reiterou a disposição da bancada da Comissão da Amazônia em "trabalhar incansavelmente por esta causa".
O ex-senador João Capiberibe (PSB-AP), que acompanhou a reunião, defendeu que a Finep "definisse e estreitasse o seu leque de financiamentos e que os investimentos fossem destinados para a pesquisa aplicada, em especial, para os estudos que tratam do aproveitamento da floresta em pé". Capiberibe afirmou que os diversos problemas da região amazônica, inclusive as discriminações regionais e intra-regionais vividas pelas pequenas universidades, não têm outra causa senão o modelo retrógrado de desenvolvimento imposto ao norte do Brasil. "Esse modelo predatório precisa ser urgentemente modificado, ou nós acabamos com ele ou ele acaba com a Amazônia, com trágicas conseqüências para o resto do país e do mundo".
Para Luís Fernandes, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos - Finep, a fragmentação das múltiplas ações do Executivo orientadas para a Amazônia prejudicam o resultado final dos trabalhos. "A visão do MCT e da Finep e de que a integração dessas ações contribuiriam para a efetivação dos projetos na Amazônia. Vamos trabalhar para construir juntos a integração necessária", declarou Fernandes. Ele reconheceu as necessidades especiais das pequenas universidades e se comprometeu com a continuidade do processo de discussão. Nesse sentido, ficou firmado uma próxima reunião, no Rio de Janeiro, com data a ser definida, para detalhar um programa específico para as universidades de pequeno porte da Amazônia.