Mantega diz que economia brasileira se mantém sólida; oposição contesta.

Em audiência na Câmara, ministro da Fazenda ressalta que o quadro econômico do País está melhorando, apesar da crise internacional. Deputados do DEM apontam inflação alta e crise de confiança do governo.
27/06/2013 09h45

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Mantega diz que economia brasileira se mantém sólida; oposição contesta.

Guido Mantega afirmou que o surto inflacionário causado pela alta do preço dos alimentos já foi superado.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu nesta quarta-feira críticas ao governo e reforçou a solidez da economia brasileira. A oposição, no entanto, questionou os números apresentados por ele. Mantega participou de audiência pública conjunta das comissões de Finanças e Tributação; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Fiscalização Financeira e Controle; e de Viação e Transportes.

Segundo o ministro, o Brasil está preparado para enfrentar a crise financeira internacional. Ele destacou que a situação econômica mundial chegou a passar por uma melhora em 2010, mas, desde 2011, voltou a piorar.

O ministro reconheceu o fraco desempenho da economia brasileira em 2012, quando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi de apenas 0,9%, mas enfatizou que o quadro econômico dá sinais de incremento neste ano. "Podemos ver o resultado do primeiro trimestre deste ano, quando tivemos um crescimento do PIB de 0,6%, porém, com o setor agropecuário crescendo 9,7%. A indústria teve crescimento negativo, mas por causa da indústria extrativista. A indústria de transformação teve resultado positivo. Os serviços cresceram 0,5%, e os investimentos aumentaram 4,6%”, destacou.

Mantega ainda comparou os resultados brasileiros com os de outros países. “É um ano difícil para a economia internacional, em que vários países estão desacelerando seu crescimento, mas estamos conseguindo acelerar nosso crescimento e tivemos no primeiro trimestre crescimento igual ao dos Estados Unidos e superior ao do Chile, México, Reino Unido e Colômbia."

Nos últimos dez anos, ressaltou, o crescimento médio da economia brasileira foi de 3,6%. Além disso, a economia feita para pagamento dos juros da dívida, o chamado superavit primário, foi acima de 3%, com exceção dos anos de crise, em que ficou em torno de 2%.

Ele destacou ainda que, entre 2003 e 2012, as reservas internacionais brasileiras saíram de US$ 37 bilhões para US$ 370 bilhões. No período, a relação dívida/PIB caiu de 60% para 35%. O ministro informou que, em dez anos, quase 20 milhões de empregos foram criados no País.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública das comissões de Finanças e Tributação (CFT), de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC), de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Viação e Transportes (CVT) recebem o ministro da Fazenda, Guido Mantega para debate sobre as perspectivas da economia brasileira. Dep. Mendonça Filho (DEM-PE)
Mendonça Filho: impacto da inflação na vida do trabalhador é muito maior do que os números revelam.

 

Crise mascarada
Para a oposição, no entanto, os números mascaram a crise na economia e nas contas públicas brasileiras. O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) lembrou o aumento recente da inflação. "Há quatro anos, a gente não consegue chegar ao alvo da meta. A gente sempre chega ao teto. O que me refiro é que essa inflação de 6,5% é muito maior para quem vive a economia real, o trabalhador."

De acordo com estimativa do mercado financeiro divulgada na segunda-feira (24) pelo Banco Central, a inflação em 2013 será de 5,86%, acima dos 5,84% registrados em 2012. O centro da meta do governo para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano é de 4,5%, podendo ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Na opinião do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), existe também uma crise de confiança com o governo de Dilma Rousseff. “Não é crise internacional. A crise que o Brasil vive é de desconfiança no governo da presidente Dilma, nos governos estaduais e municipais", afirmou.

Tripé econômico
Rodrigo Maia também cobrou que a equipe de Dilma respeite a política econômica que veio do presidente Fernando Henrique Cardoso, “que o presidente Lula, com o presidente do Banco Central Henrique Meireles, manteve, e que, infelizmente, vossas excelências com essa política anticíclica para lá e para cá têm desrespeitado e gerado um excesso de desconfiança no mercado”.

De acordo com Guido Mantega, os governos Lula e Dilma mantiveram o tripé econômico introduzido pela gestão de Fernando Henrique Cardoso, de metas de inflação, câmbio flutuante e superavit primário. Mas, segundo ele, outros elementos, como aumento dos investimentos e redução da taxa de juros, foram incluídos para evitar distorções na economia.

Mantega reconheceu que houve um surto inflacionário no fim do ano passado e início deste ano, motivado, em sua avaliação, pelo aumento sazonal no preço dos alimentos. O ministro lembrou, no entanto, que esse cenário já passou e que os preços começam a refletir a recente desoneração tributária feita pelo governo para a cesta básica. "Controlar a inflação é a prioridade número um. Mesmo porque será isso também que permitirá um crescimento maior da economia."

Reportagem – Ana Raquel Macedo
Edição – Marcos Rossi

Fonte: 'Agência Câmara Notícias'