Brasil deverá ser um dos primeiros países a superar os efeitos da crise, diz Guido Mantega.

16/04/2009 15h30

Brasil deverá ser um dos primeiros países a superar os efeitos da crise financeira mundial, diz Guido Mantega.

"O pior já passou". Desta forma o ministro da Fazenda Guido Mantega sintetizou o momento por que passa o país, diante da crise econômica mundial. Durante audiência pública na Câmara, o ministro enfatizou que os indicadores apurados já mostram uma sensível melhora no sistema de crédito internacional. E conclui a análise assegurando que embora ainda não tenha sido equacionado o problema dos ativos tóxicos, lastreados em hipotecas e outras aplicações temerárias o mercado está mais calmo e o crédito interbancário está melhor. Vignatti - Mantega 2

 

No entanto deixou evidente que esta melhora não garante que alguns países emergentes fiquem livres de uma recessão ainda expressiva até o final deste ano. "O que eu posso ver é o encurtamento da crise a partir de medidas fortes que vêm sendo tomadas pelos países", disse. Para o ministro é provável que já no último trimestre do ano algumas economia, como a americana possam apresentar índices positivos de crescimento com repercussão favorável sobre o Brasil a partir de 2010.

 

Questionado pelos parlamentares sobre sua visão a curto e médio prazo, o ministro foi enfático ao afirmar que o Brasil deverá ser um dos primeiros países a superar os efeitos da crise financeira, por conta das medidas estratégicas adotadas pelo governo. Neste aspecto, sobressaem-se a redução nos juros básicos, a flexibilização da política monetária motivada pelo aumento da oferta de crédito e algumas medidas fiscais como a redução de tributos e aumento de investimentos.

 

Empregos serão reduzidos para garantir saldo final positivo

Guido Mantega disse ainda que o Produto Interno Bruto brasileiro mostrará avanços nos primeiros três meses deste ano se comparado ao trimestre anterior. Segundo ele, o primeiro trimestre de 2009 será positivo por que a queda foi concentrada no último trimestre de 2008. Isso mostra o Brasil com melhor desempenho do que outros países, disse.

 

Os números positivos da economia, no entanto, não animaram o ministro a admitir que a crise econômica mundial passará longe do Brasil. Mas reconheceu que a fase mais aguda já ficou para trás e agora começa uma nova trajetória. Questionado sobre os créditos que afetam a economia brasileira, Guido Mantega disse que alguns problemas cruciais ainda não puderam ser resolvidos, da forma como o governo gostaria, por que "ainda falta crédito e o custo financeiro é alto, mas estamos tomando os passos para isto", disse.

 

Guido Mantega procurou tranquilizar os parlamentares presentes na audiência pública ao afirmar que a previsão do governo é terminar 2009 com crescimento econômico substancial em torno de 3% ou 4% acima do que foi registrado no último trimestre. Porém, adiantou que será necessário gerar um numero de empregos menor que o previsto, como forma de garantir um saldo final positivo.

 

 

Empresas de pequeno e médio porte, serão amparadas pelo governo

 

Um dos momentos mais importantes da audiência do ministro da Fazenda Guido Mantega na Câmara foi o anúncio do Fundo de Apoio as Empresas de pequeno e médio porte que será criado pelo governo. Segundo o ministro, será disponibilizada uma linha de crédito específica para socorrer empresas com este perfil para que tenham amenizadas as consequências da crise econômica mundial. Mesmo que não tenham sido divulgados os valores da proposta, a notícia atende uma antiga reivindicação do setor.

 

Para o presidente da Comissão de Finanças e Tributação, Cláudio Vignatti PT/SC, o segmento empresarial soma 5 milhões de estabelecimentos no país, dos quais 98,2% são de micro e pequeno porte. Empréstimos junto aos bancos privados são dificultados por alguns fatores, entre eles pelo segmento em sua grande maioria não possuir estoque e não dispor de patrimônio suficiente a oferecer como garantia para liberação de crédito para capital de giro.

 

Com as facilidades que serão incluídas na proposta do governo, haverá um fator diferenciado para o segmento, acredita Vignatti. Maiores informações quanto ao valor a ser disponibilizado e o perfil de empresas que terão direito serão anunciadas nos próximos dias pelo governo.

Texto: Paulo Otaran, Assessor de Comunicação da CFT.

Foto: Ricardo Wegrzynovski