Seminário destaca pontos para valorização do magistério

13/08/2007 20h30

Os pontos comuns dos países que contam com sistemas educacionais eficientes são boa formação dos professores, status social elevado dessa profissão, clareza sobre as necessidades do ensino e autonomia administrativa das escolas. Essa síntese foi apresentada pelo presidente do Instituto Alfa e Beto (AIB), João Batista Araújo e Oliveira, ao final do seminário &quot;Educação no século 21: modelos de sucesso&quot;, promovido pela Comissão de Educação e Cultura, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio e o Sistema Sesc/Senac.<br />
<br />
Oliveira observou que todos os países com boa qualidade de ensino possuem sistema de avaliação eficaz, com conseqüências no caso de resultados negativos. Além disso, segundo ele, nesses países há forte interesse social pelo ensino, com grande envolvimento da comunidade na condução das escolas.<br />
<br />
Exemplo irlandês<br />
Esse aspecto foi bastante ressaltado pela vice-presidente do Conselho de Pesquisas para as Humanidades e Ciências Sociais irlandês, Aine Hyland. De acordo com ela, na Irlanda é comum os pais organizarem festas e outros eventos para recolher doações voluntárias para as escolas.<br />
<br />
O país conta também com o envolvimento da comunidade na definição dos currículos e na administração das instituições escolares. &quot;É difícil saber qual fator mais contribuiu para o sucesso da reforma do ensino irlandês, mas o envolvimento da comunidade certamente foi um determinante&quot;, afirmou.<br />
<br />
Aine Hyland informou que, até a década de 70, a Irlanda contava com um sistema dividido em vocações: logo após o primário, as crianças eram conduzidas a uma educação que levaria à universidade ou ao ensino técnico. Desde meados da mesma década, não há mais essa divisão dos alunos: todos recebem a mesma formação.<br />
<br />
Professores valorizados<br />
De acordo com a especialista, a profissão de professor conta com alto status na Irlanda. &quot;Talvez por termos sido um país muito pobre, temos uma tradição de professores muito valorizados. Nossos melhores alunos tendem a entrar para o magistério&quot;, disse. Os professores irlandeses recebem salários acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), informou Hyland.<br />
<br />
Com um sistema único no mundo, a Irlanda conta com escolas privadas - 95% delas pertencentes à Igreja Católica -, mas com financiamento público. As instituições têm liberdade para contratar e demitir professores, mas são proibidas de cobrar pelo ensino, que é gratuito em todos os níveis.<br />
<br />
Os investimentos no setor são de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo Hyland, o índice é baixo para os padrões europeus, uma vez que o país conta com altas taxas de natalidade: sua população cresceu 8% desde 2001. A média de investimento da OCDE, conforme disse, é de 7%. O custo por aluno é de 6 mil dólares (cerca de R$ 11,7 mil) no país, contra 11 mil dólares (cerca de R$ 21,4 mil) nos Estados Unidos.<br />
<br />
Novo seminário<br />
Em 17 de setembro, será realizada a segunda etapa do seminário, quando os participantes debaterão o ensino médio diversificado. O último encontro ocorrerá em 15 de novembro, com o debate sobre a educação infantil.<br />
<br />
O presidente da comissão, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), destacou que, atualmente, a Câmara tem sido muito passiva na discussão dos problemas educacionais do País. &quot;Queremos ter um papel mais ativo. Ao final do seminário, gostaríamos de receber sugestões que possam virar propostas legislativas para o setor&quot;, declarou.<br />
<br />
<br />
Reportagem - Maria Neves<br />
Edição - Renata Tôrres<br />
<br />
(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')<br />
<br />
Agência Câmara<br />
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852<br />
Fax. (61) 3216.1856<br />
E-mail:agencia@camara.gov.br<br />
SR